Nascido num lugarejo humilde, próximo às divisas do Ceará com o Rio Grande do Norte, aperfeiçoou, moço, na Europa, os estudos que fizera no Rio. E lá mesmo, em Paris, alcançou já os primeiros triunfos. Inúmeros foram os doentes que por suas recuperaram o dom divino de enxergar o mundo, de ler o poema que a providência escreveu. Nem todos talvez merecessem um milagre. O mestre, entretanto, em sua bondade, não entrava em tal apreciação. E de igual modo, diante do pobre jamais soube divisar interesses. Certa ocasião atravessava ele a rua do Ouvidor, quando lhe veio ao ouvido um lamuriar lamentoso:- Ajudem por favor um pobre cego! Uma esmolinha por amor de Deus!Ao mesmo tempo que lhe estendia um óbolo, disse o facultativo mansamente:- Quer mesmo que eu o ajude? Não gostaria de ver de novo?- Ah! Quem no mundo me daria uma felicidade desta?! – gemeu o homem.- Vai então amanhã à minha clínica.O pobre apressou – se em seguir, trêmulo, aquela pálida esperança. Moura Brasil examinou – o. E com uma intervenção notável corrigiu a anomalia que lhe impedia a visão. Uma semana depois; retirada a venda, o cego se deslumbrou com o mundo. E agradeceu comovidíssimo. Tempos depois, todavia, o seu operador o encontro de novo, esmolando na rua do Ouvidor.- Como?! – disse ele – outra vez aqui? Voltou- lhe acaso a cegueira?- Oh! Não, senhor Doutor! Vejo perfeitamente bem. Mas peço esmola porque já agora não há meios de acostumar-me com outro meio de vida... E dessa vez nada pôde o oculista... Era o homenzinho o pior cego: era aquele que não queria ver...
1. A virtude predominante na personagem principal do texto – O oculista – é a:
1 ponto
paciência
bondade
humildade
gratidãoiú
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1
A bondade, da para se notar ao ler o texto
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