nas danças o que os negros nos trouxeram
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Resposta:
bom.. as danças africanas?
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Além da dor e da violência, o período escravista brasileiro produziu resistências culturais incomensuráveis, poucas vezes legitimadas nos contextos históricos sociais. Durante os quatro séculos desta prática bizarra no Brasil, a vida precisou seguir seu caminho com a fluidez das marés que sobem, descem e marcam os lugares onde passam.
Nos primeiros séculos da colonização portuguesa o Brasil era um país basicamente rural; só em fins do século XVI se anunciava alguns rudimentos de vida urbana nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Salvador. No caminhar das cidades às fazendas e vice-versa iniciavam-se os primórdios da vida cultural e da vocação artística brasileira. Nosso intuito é abordar alguns aspectos da trajetória sonoro-corporal dos africanos escravizados e seus descendentes mestiços do Brasil, do período colonial ao imperial, posto que foram as bases da cultura afro brasileira.
O contingente populacional global da colônia e do império brasileiro sempre foi composto de uma maioria de negros africanos escravizados e seus descendentes crioulos em relação aos brancos europeus. Apesar dos rigores do regime de exploração do trabalho escravo, era impossível condenar ao silêncio tais componentes étnicos acostumados visceralmente a cantar, tocar e dançar para embalar as diversas atividades da vida.
Há relatos de padres jesuítas e viajantes afirmando que a certa altura do século XVI ouvia-se manifestações religiosas e seculares de brancos europeus, indígenas brasileiros e negros africanos se misturando formando um caldeirão cultural sem precedentes. A ostentação era de tal monta que em 1610 o francês François Pyrard de Laval afirmava ter conhecido um poderoso senhor de engenho no Recife, que possuía uma banda com 20 a 30 músicos negros escravizados, regida por um maestro-professor francês, a qual tocava em tempo integral. Conta a história ainda, que um exímio violonista negro escravizado foi tão aclamado por seu virtuosismo, que seu senhor o exibia como um tesouro de causar inveja. Depois de receber ofertas irrecusáveis, o rico fazendeiro cedeu aos seus caprichos tendo barganhado uma imensa fortuna em terras de outro senhor muito rico, em troca do violonista em questão.
Era comum a chegada, especialmente nos grandes centros brasileiros de artistas e pintores famosos. Eles retrataram em vários momentos a presença dos tambores e das danças em roda com solistas dançarinos ao meio. Espantava-lhes a energia dos negros escravizados que após uma semana de estafante trabalho servil, cantavam e dançavam vigorosa e alegremente nos domingos de folga, dia escolhido pelo colonizador católico fervoroso para “ver Deus”. Além dos domingos havia outros dias santos para festas e celebrações nos quais os africanos exercitavam seus sons ritmos e danças, com os ditos “batuques”, onde provavelmente eram ligados ao prazer, mas, também à religiosidade, à interação social e às ações de resistência.
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