Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e fl ores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas doura- das, verdes e azuis, falavam mal das vespas de cintura fi na — achan- do que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos cen- tos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarra- dos para não morderem. E canários cantando, e beija-fl ores beijando fl ores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo. LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947. No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito. Expressões como "camaronando", "ca- ranguejando" e "pequeninando e não mordendo" criam, principalmente, efeitos de: a) esvaziamento de sentido. b) monotonia do ambiente. c) estaticidade dos animais. d) interrupção dos movimentos. e) dinamicidade do cenário.
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Letra e.
Nota-se que a presença de tais termos são essenciais para o desenvolvimento de uma lógica e ideias de dinamicidade presente no cenário. Estes termos ainda podem ser apresentados como neologismos.
Isso porque são termos que estão colocados no gerúndio, e a presença do "ndo" ao final das palavras permitem tal noção de movimentação, evitando portanto a estabilidade do cenário apresentado na obra de Monteiro Lobato.
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