Não parece fácil determinar a época em que os habitantes da América lusitana, dispersos pela distância, pela dificuldade de comunicação, pela mútua ignorância, pela diversidade, não raro, de interesses locais, começam a sentir-se unidos por vínculos mais fortes do que todos os contrastes ou indiferenças que os separam, e a querer associar esse sentimento ao desejo de emancipação política. No Brasil, as duas aspirações – a da independência e a da unidade – não nascem juntas e, por longo tempo ainda, não caminham de mãos dadas.
(Sérgio Buarque de Holanda, “A herança colonial – sua desagregação”. História geral da civilização brasileira, tomo II, volume 1, 2ª ed., São Paulo: DIFEL, 1965, p. 9).
a) Explique qual a diferença entre as aspirações de “independência” e de “unidade” a que o autor se refere.
b) Indique e caracterize ao menos um acontecimento histórico relacionado a cada uma das aspirações mencionadas no item a).
Soluções para a tarefa
a) As intenções de independência se sobrepujaram às intenções de unidade, uma vez que se relacionavam aos interesses e particularidades regionais citados pelo autor. Manifestações de cunho republicano, em oposição ao domínio exercido pela metrópole, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baia (século XVIII), e a Revolução Pernambucana (1817).
As intenções de unidade, por outro lado, ganharam força com o movimento de Independência de 1821-22, incidindo no projeto originado no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo (centros político-econômicos importantes da época); derrotando as resistências locais, e prevalecendo como mantenedor da ordem monárquico-aristocrático-latifundiário-escravista, caracterizando o Brasil do século XIX.
b) As características dos acontecimentos relacionados às aspirações de independência são os movimentos de emancipação mencionados na resposta anterior e revoltas separatistas do Primeiro Reinado (Confederação do Equador) e do Período Regencial (Revolução Farroupilha e Sabinada), além da própria independência do Brasil.
A concepção unionista foi mantida pela Constituição de 1824; e a represália do governo central, que recebeu apoio irrestrito dos setores oligárquicos locais, a todas as rebeliões do período, sendo elas de cunho separatista ou não.