Não foi há tanto tempo assim. Cheguei à praia com minhas filhas e encontrei um aglomerado de
cidadãos. Eles montavam guarda num pequeno trecho da areia, caras alarmadas, pior: pungidas. Não fui eu
quem viu o grupo: foi o grupo quem me viu e dois de seus membros vieram em minha direção,
delicadamente me afastaram das meninas e comunicaram: - “Tire depressa suas filhas daqui!” As palavras
foram duras, mas o tom era ameno, cúmplice. Quis saber por quê. Em voz baixa, conspiratória, um dos
cidadãos me comunicou que ali na arrebentação, boiando como uma anêmona, alga desprendida das
profundezas oceânicas, havia uma camisinha - que na época atendia pelo poético nome de “camisa de
vênus”.
O grupo de cidadãos - num tempo em que direitos e deveres da cidadania ainda esperavam pela
epifania de Betinho - ali estava desde cedo, alertando pais incautos, como se a camisinha fosse uma
pastilha de material nuclear, uma cápsula de césio com pérfidas e letais emanações.
Não me lembro da reação que tive, é possível que tenha levado as meninas para outro canto, mas
tenho certeza de que nem alarmado fiquei. Hoje, a camisinha aparece na televisão, é banal e inocente como
um par de patins, um aparelho de barba.
Domingo último, levando minhas setters à única praia em que são permitidos animais domésticos,
encontrei um grupo de cidadãos em volta de uma coisa. Não, não era aquele monstro marinho que Fellini
colocou no final de um de seus filmes. Tampouco era uma camisinha - que as praias estão cheias delas,
mais numerosas que as conchas e os tatuís de antigamente. O motivo daquela expressão de cidadania era
uma seringa que as águas despejaram na areia. Objeto na certa infectado, trazendo na ponta da agulha o
vírus da Aids que algum viciado ali deixara, para contaminar inocentes e culpados. Daqui a dois, cinco anos,
espero que a Aids não mais preocupe a humanidade. Mas os cidadãos continuarão alarmados, descobrindo
novas misérias na efêmera eternidade das espumas.
Leia com atenção as alternativas abaixo e assinale a opção que não está de acordo com as informações do
texto.
a) A humanidade encontra razão para alarme em todas as épocas
b) As preocupações da humanidade mudam, mas existem sempre.
c) As preocupações de hoje são mais importantes que as de ontem..
d) Os cidadãos de hoje estão preocupados com o vírus da Aids e suas conseqüências
leonardopb2007:
te desejo sorte que alguém consiga te ajudar
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
q preguiça
Explicação:
texto grande em
Respondido por
1
Resposta:
Acredito que seja a alternativa C
Explicação:
espero que tenha ajudado.
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