Na tentativa de entender o que estava acontecendo no mundo contemporâneo, algumas análises voltaram-se, inicialmente, para as formulações de Norbert Elias (1993). Esse autor aponta o papel central exercido pelo Estado moderno, pelo menos desde o século XVIII, entre os países ocidentais mais industrializados, à pacificação dos costumes e à criação duradoura de espaços não violentos, tornando possível a convivência social. Essa pacificação, segundo Elias, proporcionou uma ação civilizadora que repercutiu na estrutura de personalidade dos indivíduos e passou a orientá-la. Essa pacificação é que permitiu deplorar e condenar violências e humilhações contra seres humanos, assim como coibir atos violentos cometidos para a resolução de conflitos, em nome da obediência às leis e às regras de convivência e respeito mútuo. Mas, para isto, foi preciso que o Estado passasse a deter o monopólio da força física, na acepção usada por Max Weber (1963). Para Elias, esse monopólio, contudo, pode ter uma dupla função. Os que estão dentro do Estado e controlam o monopólio da força podem se utilizar dessa situação para satisfazer seus próprios interesses em detrimento daqueles da população, como são exemplos as ditaduras. Mas, segundo o autor, pelo menos nos Estados industrializados do Primeiro Mundo, esse monopólio tendeu a ser exercido para beneficiar seus cidadãos. Outra ressalva importante de Elias é que essa pacificação e os padrões de comportamento civilizados estão sempre ameaçados por conflitos de natureza social e pessoal. Assim, a vida em sociedade, ou o processo civilizador, seria marcada por uma constante tensão entre pacificação e violência. Gonçalves; Hérica Cristina Batista; Queiroz; Marcello Roriz de; DELGADO, Pedro Gabriel Godinho. Violência urbana e saúde mental: desafios de uma nova agenda? Fractal - Revista de Psicologia. vol.29 no.1 Rio de Janeiro Jan./Apr. 2017. Considerando as informações apresentadas, analise as afirmações a seguir. I. O processo de pacificação da sociedade buscando a coibição da violência desenvolvido pelo Estado só foi possível a partir da monopolização da força física por parte dessa instituição. II. Ditaduras são exemplos práticos de como o monopólio da força física por parte do Estado pode abrir uma brecha para a realização de ações não democráticas, que vão de encontro aos interesses da sociedade civil. III. Com o surgimento da força estatal, foram extintas as possibilidades de propagação da violência nas sociedades civilizadas, sendo as práticas violentas e delituosas um aspecto visto apenas em sociedades subdesenvolvidas. É correto o que se afirma em
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Alternativa I e II, apenas.
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