Na sua opinião quais os maiores desafios para o etanol 2G ?
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Resposta:
Em um texto anterior, “A chegada do etanol 2G, um passo importante para a inovação em bioeconomia”, destacamos o início de operação das primeiras plantas comerciais. Quase dois anos depois, essa primeira geração de plantas ainda enfrenta dificuldades operacionais importantes. Tem sido difícil para os pioneiros estabilizar a produção e operar regularmente.
Agora, examinamos essa situação e tentamos entender porque as primeiras plantas comerciais de etanol 2G são quase experimentais. Achamos que uma clara compreensão do problema é importante em diversos aspectos. Permite que as estratégias tecnológicas das empresas e as políticas públicas de financiamento à inovação se alinhem. Além disso, do ponto de vista da construção da bioeconomia, pode nos ajudar a entender a complexidade do projeto de utilização da biomassa como matéria-prima para a produção de bioenergia, bioprodutos e materiais.
No caso de tecnologias similares a versões já difundidas, os problemas podem ser resolvidos acessando competências que, se não existem na empresa, existem há bastante tempo e são disponíveis no mercado. São conhecimentos que foram estruturados ao longo da história da indústria. No caso de novas tecnologias, em que a planta é efetivamente a primeira da espécie – first-of-a-kind – não existem esses conhecimentos no mercado. Os problemas são novos para a empresa, novos para o setor industrial e, em boa medida, novos para o mundo.
Explicação:
Em um texto anterior, “A chegada do etanol 2G, um passo importante para a inovação em bioeconomia”, destacamos o início de operação das primeiras plantas comerciais. Quase dois anos depois, essa primeira geração de plantas ainda enfrenta dificuldades operacionais importantes. Tem sido difícil para os pioneiros estabilizar a produção e operar regularmente.
Agora, examinamos essa situação e tentamos entender porque as primeiras plantas comerciais de etanol 2G são quase experimentais. Achamos que uma clara compreensão do problema é importante em diversos aspectos. Permite que as estratégias tecnológicas das empresas e as políticas públicas de financiamento à inovação se alinhem. Além disso, do ponto de vista da construção da bioeconomia, pode nos ajudar a entender a complexidade do projeto de utilização da biomassa como matéria-prima para a produção de bioenergia, bioprodutos e materiais.
A primeira geração das plantas de etanol 2G, inauguradas nos últimos três anos, são estágios experimentais que exigem esforços específicos de P&D para atingirem estágios operacionais regulares.
Este texto discute, com base nos princípios da economia da inovação, a natureza dos problemas enfrentados pelas primeiras plantas comerciais da chamada nova indústria biobased e em particular examina o caso do etanol 2G. O argumento desenvolvido traz como conclusão a visão de que, em alguns casos, as primeiras plantas em indústrias emergentes devem ser vistas como um estágio avançado do próprio processo de desenvolvimento.
Inovações são processos iterativos, como explicaram Kline and Rosenberg no clássico artigo de 1986, Overview of Innovation. Nesse artigo, Kline and Rosenberg discutem as limitações de uma visão linear e propõem o chamado modelo chain linked. O modelo procura dar conta de algumas dimensões críticas do processo de inovação que o modelo linear não valorizava devidamente. Um aspecto central do modelo chain linked é a sua dimensão iterativa, que envolve, em feedbacks e loops, as diversas etapas do processo de desenvolvimento de uma inovação. O modelo valoriza ainda uma dimensão crítica muito importante do processo que é a presença de obstáculos sucessivos. Esses obstáculos somente se tornam claros e bem definidos à medida que os obstáculos anteriores vão sendo superados. São, portanto, dificilmente antecipados nas primeiras etapas do ciclo de P&D.
Quando o produto está desenvolvido e se torna comercial, o ciclo de P&D terminaria. Mas são conhecidos inúmeros casos de produtos que não conseguiram responder às expectativas e fracassaram. As razões podem ser tecnológicas ou comerciais.