Português, perguntado por sthefanysalvador, 10 meses atrás

na sua opinião a existência desses meios digitais para a comunicação entre os governos e cidadãos é importante ​

Soluções para a tarefa

Respondido por camilaaparecidalimam
0

Resposta:

CLARO

Explicação:

potencial da Internet para o fortalecimento da democracia em

variadas instâncias é frequentemente tematizado e

questionado (CHADWICK, 2009; COLEMAN; MOSS, 2012; COLEMAN;

BLUMLER, 2009; DAHLGREN, 2005; GOMES; MAIA; MARQUES, 2011;

KIES, 2010). Este debate é intensificado pelo crescente uso cotidiano

da Internet por atores da sociedade civil organizada, políticos,

instituições governamentais e não governamentais, e suscita a

reflexão acerca dos possíveis efeitos deste fenômeno em diversas

instâncias da política - tais como participação, governança

democrática e cidadania.

Para além de uma primeira fase dos estudos sobre internet e

democracia, marcada, sobretudo, pela polarização entre abordagens

positivas e negativas do fenômeno (DAHLBERG, 2004; GOMES; MAIA;

MARQUES, 2011; SUNSTEIN, 2001) e pela especulação acerca das

possibilidades e dos limites da internet para fins políticos, o estágio

atual da literatura está focado na análise de iniciativas –

governamentais ou não – que podem contribuir para um

O

113

n. 4, vol. 2, ed. ago-dez, ano 2014

113

revigoramento da democracia e o fortalecimento da relação dos

cidadãos com suas instituições públicas (KIES, 2010; SMITH, 2009).

Contudo, há uma lacuna entre as possibilidades de participação

política dos ambientes virtuais e o fortalecimento da relação entre

representantes e representados, uma vez que a participação política

online não depende apenas da vontade do cidadão em participar,

mas também da abertura de políticos e governos às recomendações e

orientações resultantes da participação online (CHADWICK, 2009;

COLEMAN; BLUMLER, 2009).

É neste contexto que o presente estudo se insere. A partir da

investigação de uma iniciativa brasileira de democracia digital, o

Portal E-Democracia, da Câmara dos Deputados, pretendemos refletir

sobre o desenho participativo em tela e o papel atribuído ao cidadão,

ou seja, a forma como ele é convidado a interagir. O artigo parte das

contribuições dos estudos recentes sobre a participação virtual e a

adoção de ferramentas digitais por diferentes esferas da política

institucionalizada, a fim de contextualizar sua contribuição para este

campo. Em seguida, apresentamos os procedimentos metodológicos

que orientarão a análise das oportunidades de ação e participação no

Portal E-Democracia. Em seção subsequente, são apresentados os

resultados e as conclusões deste trabalho.

1. Participação Política na Internet: Uma agenda de pesquisa

O Brasil ocupa posição de destaque entre os países que investem em

inovações democráticas (AVRITZER, 2009; GOODIN, 2008; SMITH,

2009), projetos cujo intuito é possibilitar ou fomentar a participação

dos cidadãos em diferentes instâncias de tomada de decisão política.

Neste âmbito, um importante exemplo nacional são os projetos de

orçamentos participativos, que tiveram início na década de 1990 em

várias cidades brasileiras e que, mais recentemente, passaram a  

ROSSINI

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integrar etapas virtuais de consulta pública (PEIXOTO, 2009;

SAMPAIO; MAIA; MARQUES, 2010).

Embora seja necessário ressaltar que as iniciativas de democracia

virtual encontram inúmeras barreiras sociais, econômicas e culturais

que afetam as condições de participação (COLEMAN; BLUMLER,

2009), observa-se uma crescente adoção dessas ferramentas no Brasil

e no mundo, tanto pelas instâncias de Governo – federal, estadual,

municipal – como nas casas legislativas. Ademais, não obstante a

adoção de mecanismos digitais de participação política seja coerente

com a tradição de inovações democráticas no Brasil, é preciso ter

cautela ao analisar a criação generalizada de ferramentas

participativas que, à primeira vista, sugerem que a esfera política

estaria disposta a ouvir o que a sociedade civil tem a dizer.

Os efeitos democráticos do uso cotidiano da internet integram uma

agenda de pesquisa extensa, amplamente concentrada na reflexão

acerca das oportunidades e limitações dos usos políticos dessa

ferramenta (CHADWICK, 2009; CHADWICK; MAY, 2003; COLEMAN;

BLUMLER, 2009; DAHLBERG, 2004; 2007; 2011; DAHLGREN, 2005;

GOMES; MAIA; MARQUES, 2011; ROSSINI; MAIA, 2014;

PAPACHARISSI, 2002; 2004).

Em conformidade com essa literatura, argumentamos que as

ferramentas da internet podem empoderar os cidadãos em variadas

circunstâncias, que vão desde a capacidade de livre expressão até a

possibilidade de interferência direta ou indireta na esfera pública e

na tomada de decisão política. Os custos do envolvimento com a

política na internet são reduzidos por muitas razões, tais como poder

participar sem sair de casa e interagir com pessoas que

compartilham interesses, mobilizar indivíduos e organizar atos

públicos online e offline, comunicar-se com agentes políticos por meio

de websites e e-mails e apoiar causas de interesse público assinando

petições virtuais.

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