NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 144 ed. Rio de Janeiro: Record, 2020.
“Vidas Secas”, obra-prima de Graciliano Ramos, é uma das obras mais icônicas da Segunda Fase Modernista no Brasil, a chamada Geração de 30, da qual fazem parte escritores como Rachel de Queiroz e José Lins do Rego. A partir do excerto lido e com base nas discussões travadas sobre esse período do Modernismo, analise as afirmações a seguir.
I. “Vidas Secas” é um romance com influência de teorias como o Positivismo, por isso os personagens são apresentados como alegorias do elevado desenvolvimento social brasileiro.
II. Graciliano Ramos foi um autor de base ideológica marxista, por isso sua obra emerge com forte tom de crítica social, denunciando o abandono do povo nordestino por parte dos governantes.
III. A secura da paisagem árida do sertão se reflete no comportamento das personagens de “Vidas Secas”, o que é notado no modo rude como Fabiano trata seu filho.
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Resposta:
Alternativa 4:
II e III, apenas
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