Na nossa sociedade o mito perdeu espaço. Passou a ser considerado sinônimo de ilusão, mentira. Que eventos ao longo da história contribuíram para que isso acontecesse? Em grande medida, isso está relacionado a vários eventos culturais, econômicos e políticos.
Um dos primeiros lugares onde a autoridade do mito foi questionada foi na Grécia, por volta do século V a.C. Vários fatores contribuíram para isso.
Mudanças econômicas, sociais e políticas
Observando o mapa acima podemos ver que as cidades Gregas geralmente ficavam à beira mar. Aproveitando essa posição privilegiada, ao longo do século VII e VI, as cidades deixaram de ser predominantemente rurais e passaram a se dedicar à indústria artesanal e ao comércio.
Em função dessa mudança econômica, há uma mudança na estrutura de classes da sociedade. Os comerciantes passam a ser uma força política importante e a reivindicar o direito de participar das decisões políticas da sociedade, que até então estava nas mãos dos grandes proprietários de terras.
O resultado é o surgimento do primeiro governo democrático. Em Atenas, a partir do século V a.C., o governo era exercido através de uma assembleia que se reunia periodicamente para tomar as decisões da cidade. Nela podiam participar todas as pessoas consideradas cidadãs.
Essa relativa riqueza e liberdade de que gozava uma parte da sociedade ateniense permitiu o surgimento de uma forma de pensar crítica aos mitos tradicionais.
Nesse contexto, surgiram alguns pensadores (também podemos chamar eles filósofos ou cientistas) propondo uma nova forma de responder às grandes questões da mitologia: qual a origem das coisas? Como devemos viver?
Os filósofos da natureza
Hoje eles são chamados de filósofos da natureza ou pré-socráticos. O primeiro a propor uma nova abordagem para essas questões foi Tales (624 - 546 a.C.), da cidade de Mileto. Porém sua resposta não foi lá muito satisfatória: ele dizia que o universo surgiu da água.
O que há de verdadeiramente novo e interessante na proposta de Tales é sua forma de responder o problema, nem tanto a resposta. Ele faz algo inédito: não recorre ao sobrenatural para explicar a natureza. Ao contrário, busca na própria natureza elementos que podem explicar sua transformação.
Não restou nenhum texto escrito por Tales, de modo que não sabemos ao certo porque ele acreditava que a água era a origem de tudo. Alguns intérpretes posteriores fizeram algumas suposições para explicar essa concepção.
Uma delas é a versatilidade da água. Esse elemento pode passar por mudanças, como evaporação e condensação, se tornar líquida, sólida ou gasosa e, apesar de todas essas transformações de estado, ela permanece sempre a mesma substância. Além disso, está presente nas mais diferentes coisas da natureza. Ela é essencial para as plantas e animais.
Surgem com Tales, portanto, alguns elementos novos no pensamento humano: a tentativa de explicar a natureza sem recorrer ao sobrenatural e uso de argumentos ao invés de histórias sobre deuses.
Embora ainda fossem centrais na vida das cidades gregas, os mitos passaram a sofrer uma série de questionamentos na Grécia Antiga. Os grandes autores de tragédias gregas, como Ésquilo (c. 525-456), Sófocles (c. 496-405) e Eurípides (480-406) puseram os deuses à prova em suas peças de teatro questionando alguns valores gregos fundamentais.
Filósofos como Platão e Aristóteles também faziam suas críticas. Ambos acreditavam que a única forma de saber realmente a origem das coisas ou como agir era usando argumentos e raciocínios lógicos. Aquele que busca seriamente a verdade deve “se voltar aos que argumentam pela demonstração”, não aos que contam histórias míticas, dizia Aristóteles.
Ainda assim, o mito não era completamente descartado. As peças de teatro eram representadas como rituais antigos, durante o festival de Dionísio, o deus das festas, dos ciclos vitais, da alegria. Os filósofos também continuaram usando o mito. Platão contou vários em seus diálogos. O mito da caverna, da reencarnação, das almas gêmeas são alguns exemplos. Aristóteles também nutria simpatias sobre certas ideias míticas. Afirmou que a ideia mítica de que “todas as substâncias primordiais eram deuses” era “verdadeiramente divina”.
Considerando os textos acima, é correto afirmar que *
os filósofos gregos rejeitavam completamente os mitos, negando a eles qualquer importância ou uso.
as primeiras explicações filosóficas eram histórias míticas envolvendo lutas entre diversos tipos de deuses.
a filosofia surge na Grécia Antiga como uma tentativa de responder a questões sobre a origem das coisas e como devemos viver.
O mito deixou de existir a partir do século IV na Grécia Antiga.
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Resposta:
a filosofia surge na Grécia Antiga como uma tentativa de responder a questões sobre a origem das coisas e como devemos viver.
Explicação:
A filosofia tem por objetivo a análise, investigação e reflexão dos fatos, por meio objetivo e lógico da ordem natural das coisas, para poder entender o mundo no seu contexto.
Com o surgimento da filosofia, o seu foco foi estudar como tudo foi formado, como se forma o pensamento, como se entende o indivíduo e a sociedade, etc. Quebrando os mitos para instaurar a razão.
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