Question

Na literatura produzida por mulheres, a linguagem é marcada pela ambiguidade, pela polissemia, com tendência para o poético, resultando daí certa dificuldade da comunicação em razão dos símbolos que remetem a fantasmas do passado que se misturam a realidades presentes. (XAVIER, E. "Por uma teoria do discurso feminino", In A mulher na literatura. V.III. Org. de Nádia Bettella Gotlib, B.H.: UFMG, 1990, p.235.) O trecho que apresenta características do discurso da literatura feminina é: A) – Dona Telinha foi muito prendada. Fazia um pastel de nata divino que combinava igual Romeu e Julieta com seu licor de jabuticaba, melhor que o melhor licor de cassis de Dijon. Antes de me apaixonar pela filha, apaixonei-me pela mãe. B) [...] ela perfilou a prole e comunicou: um homem viria morar com eles, um pedreiro que conhecera nas reuniões dos Alcoólicos Anônimos. A avó foi a única a considerar isso um mau sinal. Mas sua opinião pouco importou, mesmo porque três meses mais tarde ela trocou o espaço que ocupava na casa por um lugar menor e bem mais tranquilo: uma cova modesta no cemitério local. C) Moça solteira é uma boneca, com que se brinca: diverte-nos, tocando ao piano, e dançando conosco na sala, e se não é simplesmente boneca, é uma infeliz que começa a desmoralizar-se passeando a conversar com desmiolados, que pensam ser cortesia namorar todas as moças. D) O medo grande me aprofundava toda. Voltada para dentro de mim, como um cego ausculta a própria atenção, pela primeira vez eu me sentia toda incumbida por um instinto. E estremeci de extremo gozo como se enfim eu estivesse atentando à grandeza de um instinto que era ruim, total e infinitamente doce – como se enfim experimentasse, e em mim mesma, uma grandeza maior do que eu.

Answer 1

O texto afirma que a literatura feminina é aquela que é marcada, sobretudo, pela linguagem poética e de múltiplos sentidos, cuja compreensão não é direta e que muitas vezes lida mais com sentimentos e representações alegóricas que com um discurso material, concreto.

Com isto em mente podemos dizer que a alternativa que mais se aproxima disto é a alternativa D, havendo uma série de referências aos instintos da personagem e imagens metafóricas (o cego que ausculta a escuridão) e que pouco comunicam.