História, perguntado por MileSantana1, 1 ano atrás

Na descrição que Heródoto faz dos garamantes é possível encontrar algum juízo de valor? Justifique.

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Respondido por YuriAugusto1
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A partir das navegações empreendidas pelos portugueses e da chegada de Colombo à América, uma nova humanidade ingressou no horizonte mental europeu. Perante ela, a Europa foi gradativamente forçada a se repensar. Ao mesmo tempo, os europeus tiveram que pensar o ameríndio, assim como os vários outros povos com que foram se defrontando pelo mundo afora. Nesse processo, surge um novo "selvagem", transposição para o Novo Mundo de construções de alteridade já existentes no imaginário europeu e em boa medida herdadas do pensamento antigo. Meu objetivo aqui é o de examinar o significado do "selvagem" no pensamento grego antigo, dando especial destaque a Heródoto (1988: 1). Como mostra Hodgen (1964), o pensamento grego clássico não privilegiava estudos comparativos nem a compreensão do particular, o que dificultava a apreciação da alteridade. Como propunha Aristóteles em sua Política, só realizava a plenitude da humanidade o homem que vivia na pólis. Em outras palavras, quem não era grego era bárbaro, ou até mesmo selvagem. Selvagem não significava necessariamente bárbaro, ou vice-versa: na verdade, o selvagem já existia no domínio da mitologia antes que o bárbaro ingressasse no plano da história. Como diz Bartra (1994), o selvagem teve de ser inventado antes de ser encontrado. Se o bárbaro e o selvagem podiam ser tematizados, e precisavam sê-lo, como condição para a tematização da própria identidade grega e da pólis, pouco interesse havia no conhecimento de povos concretos, fossem eles caracterizados ou não como selvagens. Mas havia exceções, e Heródoto é provavelmente a mais importante. Por outro lado, o pensamento científico dominante negava o particular como significativo em si mesmo. A história, limitada à doxa (opinião), se diferenciava da epistéme (ciência). O único objeto do conhecimento pleno era o imutável e o pensamento grego atingiu tal conhecimento na matemática. O conhecimento matemático é válido em qualquer tempo e lugar. Na natureza as coisas se transformam; portanto, não podiam ser plenamente conhecidas e a teoria grega da história era consistente com sua teoria da natureza: A história é uma ciência da ação humana: o que o historiador vê à sua frente são coisas que os homens fizeram no passado, coisas essas que pertencem a um mundo em transformação, um mundo em que aparecem e desaparecem coisas. Tais coisas, de acordo com a concepção metafísica preponderante na antiga Grécia, não seriam cognoscíveis. Conseqüentemente, a história seria impossível. (Collingwood, 1994: 35)
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