na crônica de Mario prata é possivel observar como característica marcante do gênero
Soluções para a tarefa
(A) uma narrativa real baseada num fato fictício: a gripe do autor.
(B) o jogo entre o fato de o autor da crônica estar gripado no momento de escrita e a ficção para criar uma nova história que complementa a história real.
(C) linguagem simplificada, com predomínio da linguagem informal, ainda que apresente algumas marcas de formalidade.
(D) um comentário que leva o leitor a refletir sobre as formas de prevenção das mais variadas gripes.
A alternativa correta é: B) o jogo entre o fato de o autor da crônica estar gripado no momento de escrita e a ficção para criar uma nova história que complementa a história real.
O gênero é usado pelo autor para criar um jogo em o fato real e a crônica de estar gripado, ele basicamente liga a cronica a um fato real, enquanto ele conta fatos sobre o que aconteceu com ele na forma de cronica.
Uma cronica é uma narração curta, geralmente veiculada em jornais e outros meios de comunicação em massa.
Porém, pode ser estendido e escrito na forma de livro, muitas vezes em vários livros, onde cada um deles irá contar uma historia diferente, mas ligada ao mesmo universo.
Texto da questão:
Daquelas danadas, sabe como é? Das que derrubam. Te deixam na cama. Pois é onde deveria estar agora se tivesse uma outra profissão qualquer. Ligava para o serviço e, se precisasse, até arrumava um atestado médico. Dependendo da situação, faturava dois ou três dias.
Mas estou aqui, com o nariz escorrendo, depois de algumas pílulas e uns chás que uma boa samaritana me fez.
Estou dizendo isto porque sei que tem muita gente com gripe nestes dias frios. E esta gripe já deve ter nome. Sim, gripe que se preza logo tem um nome, já notou? Se não, é resfriado mesmo.
Me lembro quando era garoto, 13 anos, interno num colégio de padres, quando apareceu a Gripe Asiática. Acho que foi a mais famosa do século passado. Era tão danada que antes de chegar já era famosa. Claro, como o nome diz, começou lá na Ásia. E veio vindo. Os jornais anunciavam que ela já estava na Europa.
Aqui, no terceiro mundo, a gente se preparava para enfrentar a gripe que vinha de longe, a gripe famosa no mundo todo. E quando ela chegou, derrubou todo mundo. Foi um orgulho para todos nós. Estou revendo agora o dormitório do internato cheio de garotos deitados. Febre alta, aulas suspensas, um horror. Ninguém morreu, mas todo mundo deitou.
Me recordo de uma outra gripe famosa, a Calabar. Chamava assim porque era traiçoeira. Começo dos anos 70, auge da ditadura militar. Eu trabalhava na Última Hora quando ela chegou em São Paulo, vindo do norte. Os militares mandaram um telex para todas as redações do país proibindo terminantemente que se escrevesse no jornal o nome da gripe que derrubava todos nós, inclusive – acho – os milicos. Não podia escrever Calabar nos jornais, nem dizer nas rádios, nem nada.
Explico: Chico Buarque e Ruy Guerra haviam escrito uma peça chamada Calabar e a Censura Federal a proibiu. Não podia nem ser lida. Aí os militares começaram a achar que falar na gripe Calabar era provocação para todo mundo lembrar do Chico e do Ruy. Talvez você não acredite nesta história, mas quem trabalhava nas redações naquela época pode confirmar.
[...]
Dei uma geral agora na Internet para ver se esta minha gripe já tem nome, pois, já disse, gripe sem nome, pra mim, é resfriado. E, apesar de todo mundo estar com ela, ainda não tem, não.
Pouco sei sobre gripes, apesar de ser filho de médico. Sei que a palavra tem origem francesa. Donde se conclui que foi lá que surgiu o vírus? Tem cara de francesa mesmo esta doença. Passou por Portugal e chegou nos nossos índios matando boa parte deles. Entradas e Bandeiras, se chamava a gripe naquela época.
Hoje em dia até o Bin Laden já virou nome de gripe: quando você pensa que acabou, ela volta mais surpreendente ainda.