Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o presidente da República, eram eleitos por sufrágio universal e, lá, como aqui, de há muito que os políticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador – “o voto”. Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto cada qual votava em um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em conhecidos ou amigos. Cada cabeça, cada sentença; e para obviar os inconvenientes de semelhante fato, os mesários de Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos conforme queriam. [...] às vezes semelhantes eleitores votavam até com nome de mortos, cujos diplomas apresentavam aos mesários solenes e hieráticos que nem sacerdotes de antigas religiões.
BARRETO, Lima. Os Bruzundangas. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d]. p. 65-66.
Em seu texto, Lima Barreto se utiliza da ironia para criticar o(a)
A
coronelismo e as fraudes eleitorais.
B
coronelismo e a divisão de poderes.
C
coronelismo e a religiosidade popular.
D
divisão de poderes e as fraudes eleitorais.
E
religiosidade popular e as fraudes eleitorais.
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