Na aula de Leitura, você conheceu o poema “Pela rua” (página 8), de Ferreira Gullar. Trata-se de um poema lírico, composição poética em que uma voz central exprime um estado de alma. Para representar essa voz subjetiva, o poeta utiliza a 1a pessoa do discurso, que é o sujeito lírico, também conhecido como eu lírico. Já nos versos iniciais, você pode notá-lo, representado pela terminação verbal e pelo pronome pessoal, ambos de 1° pessoa: “detenho-me”.
a) De que pessoa gramatical é o pronome usado pelo eu lírico para dirigir-se à amada?
b) Que pronome pessoal a representa?
c) Observe as pessoas do discurso que aparecem no poema:
• 1a pessoa (quem fala) → manifestação amorosa do eu lírico;
• 2a pessoa (com quem se fala) → o eu lírico dirige-se à amada;
• 3a pessoa (de quem se fala) → o eu lírico refere-se ao ambiente e à amada.
Cite um verso de “Pela rua” em que o sujeito, claro ou oculto, seja referido, respectivamente, pelas seguintes pessoas do discurso:
• 1° pessoa:
• 2° pessoa:
• 3° pessoa:
Soluções para a tarefa
Resposta:
Pela rua
Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida de Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.
Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.
A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.
A noite se ergue comercial nas constelações da avenida. Sem qualquer esperança continuo
e meu coração vai repetindo teu nome abafado pelo barulho dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada