Na América Latina do século XX, em incontáveis momentos, a criação artística articulou-se com utopias ou perspectivas de transformação social. Em diferentes contextos, artistas usaram sua produção para corroborar determinados projetos políticos ou consentiram que suas criações fossem apropriadas e sustentadas por movimentos políticos, dentro ou fora do Estado. (PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014, p. 187-188). A construção de Brasília contou com apaixonados simpatizantes e ferrenhos críticos do projeto, entre artistas e profissionais liberais de distintos ramos. Dentre as polêmicas que ainda hoje cercam o projeto conhecido como Plano Piloto, destaca-se a) a incapacidade de inclusão das populações pobres que migraram para a região para a execução da obra, como os “candangos”, trabalhadores que se estabeleceram na periferia da cidade e contribuíram para o surgimento das cidades satélites, hoje densamente povoadas. b) o alto custo desse investimento para os cofres públicos, uma vez que foi necessário ao governo brasileiro contrair empréstimos nos Estados Unidos para a construção da cidade, que só deixou de representar um peso orçamentário ao ser reconhecida como patrimônio da humanidade e passar a ser mantida, na atualidade, por entidades internacionais. c) a inadequação do projeto à locomoção na cidade, bem como o isolamento, por guarnições militares, do setor de edifícios que sempre abrigaram os poderes governamentais, características que se vinculavam ao autoritarismo vigente no país sob o mandato de Juscelino Kubitschek. d) a marca stalinista presente na arquitetura monumental empregada, na divisão da cidade em “setores”, na numeração de ruas e blocos, e que ecoava as inclinações políticas dos idealizadores do projeto, Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, que já gozavam de renome internacional. e) a incapacidade de inclusão das populações pobres que migraram para a região para a execução da obra, como o prejuízo que a transferência da capital federal significou para o Rio de Janeiro, uma vez que resultou em milhares de funcionários públicos desempregados, crise que favoreceu o fortalecimento político de Carlos Lacerda, artífice do golpe de 64 e defensor do regime militar durante toda a ditadura.
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LETRA (A)
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