musculatura”, afirma Ricardo Barros, coordenador do grupo de medicina esportiva da Sociedade Brasileira de
Pediatria.
Mas, se não é para ganhar músculos, para que serve a musculação nessa fase? Assim como outras
atividades, ela evita o sedentarismo, melhora o condicionamento cardiovascular, a flexibilidade e as habilidades
motoras. Aumentar a massa muscular, no entanto, só pode se tornar objetivo após o pico do estirão do crescimento,
quando o corpo deixa para trás as feições infantis e ganha as características adultas. Nas meninas, ele costuma
ocorrer entre 12 e 14 anos. Nos meninos, entre 14 e 16 anos. “Antes disso, o menino, por exemplo, não possui nem
testosterona suficiente para ganhar massa muscular”, diz Barros. A testosterona é o hormônio responsável pelas
características masculinas.
O risco de começar a fazer musculação antes do auge do estirão, com o objetivo de ganho de músculos – o
que implica uso de cargas pesadas –, é de um sério prejuízo ao crescimento e de ocorrer danos à coluna.“É preciso
ter em mente que a musculação não é proibida, mas deve ser feita dentro dos limites dos adolescentes, diferentes
dos limites dos adultos”, explica Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Universidade Federal de São
Paulo. “Não se pode impor grandes sobrecargas de peso a estruturas que ainda não estão completamente
maturadas”, diz.
Por isso é importante escolher bem o lugar para a prática. Algumas academias oferecem treinos para quem
tem entre 10 e 16 anos. Eles são baseados em exercícios simples, de menor intensidade e sem carga ou com pesos
mínimos. Segundo os especialistas, o peso máximo a ser usado na musculação para os mais novos não deve
ultrapassar cinco quilos.
Segurar os anseios dos adolescentes também é fundamental e deve ser prioridade do profissional
responsável pelo jovem. “Quando comecei, pensava em ficar forte. Mas meu professor falou que ainda não era hora
e que o melhor era priorizar os exercícios de resistência”, conta Lincoln Pereira Pasitto, 14 anos, há cinco meses
fazendo musculação.
Não é só a musculação, porém, que, feita de maneira errada, representa riscos ao desenvolvimento. “A
sobrecarga de exercícios pode acontecer até mesmo nas escolinhas de esportes”, diz o hebiatra Maurício de Souza
Lima, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por essa razão, os pais precisam estar atentos aos filhos. “Se o
adolescente começa a demonstrar muito cansaço, dormindo sempre que entra no carro ou mesmo em uma fila, é
porque tem algo errado e isso pode ser excesso de atividade física”, explica Lima.
Atenção redobrada deve ser tomada com quem treina para se tornar atleta de alto rendimento. “A
tendência é de exagerar nos exercícios preparatórios para as competições”, alerta Lima. A recomendação é de não
competir antes dos 13 anos, mas há algumas modalidades, como a ginástica olímpica, em que os campeonatos
começam mais cedo, aos 9 anos. Como consequência, fazem-se exigências severas a corpos ainda em
desenvolvimento, que pode ter como resultado a interrupção do crescimento ou, no caso das meninas, o
retardamento da primeira menstruação.
De tão delicado, o treinamento deve ser acompanhado por profissionais qualificados para que o esforço
pedido ao corpo não seja excessivo. “Mesmo no caso de atletas de competição, o estirão do crescimento deve ser
respeitado. A complementação com musculação, por exemplo, só é feita para os atletas que já passaram dessa
fase”, explica Danilo Bornea, técnico de ginástica artística do Clube Pinheiros, em São Paulo. A menina Ingrid Lima
Messias, 14 anos, treina desde os 5 anos, já compete, mas, obedecendo à recomendação do treinador, ainda não
iniciou a prática da musculação.
Os cuidados não podem ser entendidos como impeditivo da atividade física na puberdade. É consenso que o
adolescente deve fazer exercícios, desde que sejam bem orientados. Entre os preferidos – por eles próprios e
também pelos especialistas – estão os esportes coletivos. Além dos benefícios para o corpo, há o saudável
aprendizado da convivência. Mas é fundamental que o jovem escolha a modalidade. Giulia Carvalho Oliveira, 13
anos, optou pelo vôlei há quatro anos. “Adorei e nunca mais saí”, fala. Só que nem sempre a criança é assim tão
decidida. O mais comum é que sinta vontade de mudar após algum tempo. Essa indefinição, muitas vezes entendida
pelos pais como uma incapacidade de o filho se decidir, é, na verdade, natural e saudável. “Quando eles fazem isso
estão escolhendo o que melhor se adapta ao seu perfil e às suas habilidades”, explica o pediatra Ricardo Barros.
Anexos:
Soluções para a tarefa
Respondido por
0
Resposta:
Vapo
Explicação:
Gabiih69:
kk
Perguntas interessantes