municipal de Ensino Fundamental Santa Luzia
Hà: Deusenir
Coordenadora: Cleidiana
essora: Elissandra de Souza
uno(a):
Disciplina: Redação
Data: 18 a 25/02/2021
turma: 9º ano
Turma: AB
Vida sim, drogas não! (Fragmento)
Frei Betto
O narcotráfico movimenta por ano, no mundo, cerca de US$ 400 bilhões pouco menos que o PIB
brasileiro. Os cabeças escapam através da lavagem de dinheiro, do tráfico de influencias, da compra
de policiais, militares e juízes. Os pés-de-chinelo são caçados nas favelas, morrem crivados de balas
ou padecem nas prisões.
De 1980 a 1996, os assassinatos, no Brasil, dobraram de 13 para 25 por cada grupo de 100
mil habitantes. Entre jovens de 15 a 19 anos, o índice subiu para 44,8/100 mil. A maioria em
decorrência do uso e do tráfico de drogas.
Quem são os culpados? Todos nós somos responsáveis, até mesmo por ornissão frente ao
problema, e somos também vítimas (assaltos
por drogados, acidentes de tránsito em consequência
de bebidas, disseminação da Aids, políticos eleitos com o dinheiro do narcotráfico etc.). Inutil pensar
que a questão da droga é um problema individual. , sim, uma grave questão social
A droga não é causa, é efeito. Se quisermos erradicá-la, teremos de encarar de frente um
desafio: a mudança da sociedade em que vivemos. Não se trata de ceder ao maniqueísmo
ideológico e acreditar que o advento do socialismo porá fim ao problema. Tambérn nas sociedades
socialistas da Europa do Leste o narcotráfico atuava, como hoje opera em Cuba.
Essa "civilização química" na qual vivemos resulta do nosso desencanto subjetivo. Uma pessoa
destituída de valores espirituais religião, utopia, ideologia etc. tende a buscar sucedáneos que
preencham o seu vazio interior. No fundo, recorre-se à droga para alterar o estado de consciência.
Eis uma necessidade da qual nenhum ser pode prescindir. Ninguém aguenta ser "normal" o tempo
todo.
É uma exigência de nossa saúde espiritual cultivar a subjetividade, como o artista
esteticamente febril diante de sua obra, o profissional encantado com o seu projeto, o militante
guevarianamente empenhado em sua luta, a jovem apaixonada, o místico tocado pelo amor divino.
São estados de plenitude e felicidade.
Porém, não se encontram à venda na farmácia da esquina, nem merecem publicidade na mídia.
Até porque são valores anticonsumistas. Quanto mais realizada uma pessoa, graças ao sentido que
imprime à sua vida, menos ela sente necessidade de recursos artificiais que alteram
momentaneamente o estado de consciência para, em seguida, passado o efeito, desabar no vazio
de si mesmo, no abismo da própria frustração,
Mudar a sociedade não é só transformar as suas estruturas. Isso é o prioritário, assegurar a
todos alimentação, moradia, saúde e educação, trabalho, lazer e cultura, o que supõe distribuição
de riqueza, partilha dos frutos do trabalho humano, soberania nacional, reforma agrária etc. Mudar
a sociedade é modificar também os valores que regem a vida social. Essa revolução cultural
certamente é mais difícil que a primeira, a social. Talvez por isso o socialismo tenha desabado como
um castelo de cartas no Leste europeu. Saciou a fome de pão, mas não a de beleza. Erradicou-se
a miséria, mas não se logrou que as pessoas cultivassem sentimentos altruistas, valores éticos,
atitudes de compaixão e solidariedade. O resultado é assombroso: após 70 anos de socialismo, a
Rússia hoje destaca-se pelas máfias de prostituição infantil e pela corrupção crônica em todos os
escalões da sociedade.
FREI BETTO. In: o São Paulo. Jornal da Arquidiocese de São Paulo. 7 mar. 2001, p. 4
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Sim uma redação sobre narcotráfico
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