Filosofia, perguntado por sabrinaluizame4364, 1 ano atrás

Movimentos socioculturais segundo aristóteles

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Respondido por kelvinbd2005
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Aristóteles, no livro I da Política, afirma que o homem é um animal político (Zoôn politikón) por natureza. Para demonstrar a sustentabilidade de sua hipótese, o pensador grego nos apresenta uma consistente argumentativa. O ponto de partida é o indivíduo, que na visão do pensador grego, não sendo auto-suficiente, necessita do outro. Podemos viver de forma isolada, mas não por muito tempo. Principalmente na relação homem/mulher. Nesse sentido, os opostos são movidos pelo impulso natural de perpetuação da espécie, que na letra de Aristóteles (1997, p. 14) expressa o desejo “[...] no sentido de querer deixar depois de um indivíduo um outro ser da mesma espécie”. E assim se fundamenta a concepção de sociabilidade natural.

     O impulso natural de procriação, que faz unir os pares com a finalidade de conservar a espécie, origina a família. O aglomerado de várias famílias forma um povoado. O agrupamento de vários ou dos vários povoados com interesses comuns constitui o que no modelo aristotélico se denomina cidade (polis). Diante disso, pode-se inferir que a cidade é natural. Pois, conforme escreve Aristóteles (1997, p. 15), “[...] a natureza de uma coisa é o seu estágio final, [...], o que cada coisa é quando o seu crescimento se completa nós chamamos de natureza de cada coisa, quer falemos de um homem, de um cavalo ou de uma família”. Nesse sentido, a cidade tem uma existência natural, assim como as primeiras comunidades da suposta cadeia a que nos referimos. Se a natureza cada coisa consiste naquilo que chamamos de estágio final, o homem é um animal político por natureza.

     Entretanto, temos que observar a questão do movimento em Aristóteles. Excetuando o bem – que é ato puro – todas as coisas que existem seguem a mesma lógica; vão sempre da potência ao ato. Para que a potência se torne ato é necessário que haja algum tipo de movimento. Antes de criarem vínculos entre si cada qual é potencialmente um animal sociável. Nessa leitura, a efetivação da sociabilidade depende de certos movimentos; ou seja, que se vá da potencia ao ato.

     Poderíamos, então, diante disso afirmar que o homem do qual fala Aristóteles é potencialmente um ser social? Quem ousasse dizer que sim teria que se defrontar com outro problema, o filósofo fala em impulso natural e não em direito natural. Onde há impulso não há escolhas. Isso não significa que os indivíduos não possam escolher com que se associar e formar sua família. O que não podem é escolher não ter o referido impulso. Pois, trata-se de necessidade natural e não acidental. Portanto, esse parece não ser o caminho para argumentar contra a tese da sociabilidade natural do homem.

     Não obstante, devemos colocar a seguinte questão a Aristóteles: o impulso natural de preservação da espécie contém em si força suficiente para sustentar a sociabilidade natural do homem?

     Poderíamos também perquirir, o instinto natural de perpetuação não está presente em animais outras espécies? Refutar teses de um dos mais fortes pilares da filosofia de todos os tempos não é certamente uma tarefa fácil. Aristóteles, até onde pudemos perceber, responde a nossa questão argumentando que somente o homem tem o sentimento de bem e mal, justo e injusto. Ou seja, apenas seres providos de tais qualidades morais, somente o ser humano, conforme pensa Aristóteles (1997, p. 15), é capaz de constituir naturalmente família e cidade. Noutras palavras, só o homem é um animal social por natureza. Os outros animais estão fora desse plano; muito embora também sejam movidos pelo instinto de perpetuação da espécie. Neles não é possível identificar a noção de bem e mal, muito menos de justo e injusto. Essas coisas são características intrínsecas dos seres humanos.

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