Modinha do empregado de banco
Eu sou triste como um prático de farmácia,
sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.
Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.
Se eu tivesse estes contos* punha a andar
a roda da imaginação nos caminhos do mundo.
E os fregueses do Banco
que não fazem nada com estes contos!
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.
Também se o diretor tivesse a minha imaginação
o Banco já não existiria mais
e eu estaria noutro lugar.
(Murilo Mendes)
Vocabulário:
* prático: indivíduo experiente em uma área, sem necessariamente possuir um diploma
* conto: quantia equivalente a “um milhão de réis”, moeda da época, no Brasil
No texto acima, é possível reconhecer, por parte do eu lírico, uma postura voltada para o desejo de
A
nivelar-se a um prático de farmácia.
B
apropriar-se da fortuna alheia.
C
lidar com dinheiro como fazem os fregueses do Banco.
D
assumir a posição de diretor do Banco.
E
libertar-se de um ambiente tido como desagradável.
Soluções para a tarefa
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Eu acho que fosse eu marcaria a letra e.
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3
A é falsa. Ele já se compara - tristemente - a um prático de farmácia, não querendo manter-se nesta posição.
B é falsa. Ele apenas diz o que faria se a fortuna fosse dele, não demonstra interesse em tomá-la.
C é falsa, uma vez que critica o que os clientes do banco "fazem" com o dinheiro - que é guardá-lo e não usar.
D é falsa. O funcionário demonstra um interesse em ser livre, e não em subir na carreira no banco.
E é verdadeira. Ele vê o banco como tedioso e como contrário ao ritmo vivo que sente dentro de si mesmo, desejando sair deste ambiente para um outro, mais livre.
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