Meu amigo Hélio, que é pai do Arthur e diz sonoramente trêss e déss (ao invés de, digamos, “trêis” e “déis”) fica
indignado quando peço na padaria duzentas gramas de presunto – quando a forma correta, insiste ele, é “duzentos”
gramas. Sempre que acontece e estamos juntos acabamos discutindo uns dez minutos sobre modos diferentes
de falar. Ele de praxe argumenta que as regras de pronúncia e ortografia, se existem, devem ser obedecidas – e
que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros!) devem insistir na forma correta a fim de esclarecer e
encaminhar gente menos iluminada, como supõe-se seja a moça que me vende na padaria o presunto e o queijo.
Eu sempre argumento que quando ele diz que só existe uma forma correta de falar está usurpando um termo
de outro ramo, e tentando aplicar a ética à gramática: como se falar “corretamente” implicasse em algum grau
de correção moral; como se dizer “duzentas” gramas fosse incorrer numa falha de caráter e dizer “duzentos”
fosse prova de virtude e integridade.
Soluções para a tarefa
Olá,
Completando o enunciado: a. A linguagem coloquial é empregada em situações informais, com os amigos, familiares e em ambientes e/ou situações em que o uso da norma culta da língua possa ser dispensado.
b. Mesmo dominando a linguagem culta (norma-padrão), os usuários das línguas devem selecionar os níveis de linguagem considerando o contexto discursivo e o nível de formalidade entre os interlocutores.
c. A existência de diferentes níveis de linguagem não significa que podemos utilizar sempre a linguagem coloquial, já que sempre prevalecerá a língua padrão em quaisquer situações comunicativas.
d. Em situações formais de interação verbal/interlocução, é recomendável que seja utilizada a linguagem culta (norma-padrão da língua portuguesa). e. A linguagem coloquial é mais utilizada oralmente
e, pelo fato de ser utilizada em nosso dia a dia, não requer a perfeição em termos gramaticais.
RESPOSTA:
No texto "Duzentas Gramas" notamos uma dualidade: sim, existem diferentes níveis de linguagem, sendo que a língua falada no dia a dia não anula a norma padrão da língua portuguesa, ao mesmo tempo em que a forma mais adequada de expressão em contextos formais sempre é a norma padrão.
Por isso, é possível desarmar o argumento citado no texto ao compreendermos que a existência de diferentes níveis de linguagem não significa que podemos utilizar sempre a linguagem coloquial.
Letra C.
Abraços!