Metodo científico de Aristóteles ?
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1. Hilemorfismo
Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) deixou uma vasta obra e exerceu uma influência
incomparável até o séc. XVII. Sua doutrina do hilemorfismo defendia que todas as coisas
consistem de matéria (hile) e forma (morfe). Por “matéria” entende-se um substrato (matéria
prima) que só existe potencialmente; sua existência em ato pressupõe também uma forma.
A mudança das coisas é explicada por quatro tipos de causas: o fator material, a
forma, a causa eficiente e a causa final (ou propósito). Por exemplo, uma mesa: sua forma é
sua figura geométrica, sua matéria é a madeira, sua causa eficiente foi a ação de um
carpinteiro, e sua causa final é servir para refeições. Outro exemplo, tirado da biologia
aristotélica: a reprodução de uma espécie animal. A matéria seria fornecida pela mãe, a forma
seria a característica definidora da espécie (no caso do homem, um bípede racional), a causa
eficiente seria fornecida pelo pai, e a causa final seria o adulto perfeito para o qual cresce a
criança. Na natureza, a causa final não consistiria de uma finalidade consciente, mas seria
uma finalidade imanente, que pode ser impedida de acontecer devido à ação de outros fatores.
A física aristotélica rejeitava a “quantificação das qualidades” empreendida pelos
atomistas e por Platão. Partiu de dois pares de qualidades opostas: quente/frio, seco/úmido. Os
corpos simples que compõem todas as substâncias são feitos de opostos: terra = frio e seco;
água = frio e úmido; ar = quente e úmido; fogo = quente e seco. Os elementos tenderiam a se
ordenar em torno do centro do mundo, cada qual em seu “lugar natural”. Se um elemento é
removido de seu lugar natural, seu “movimento natural” é retornar de maneira retilínea: terra
e água tendem a descer, ar e fogo tendem a subir. Voltaremos a discutir a Física aristotélica na
seção VI.1.
2. Método Indutivo-Dedutivo de Aristóteles
Fig. IV.1: Processo de vai-e-
vem da concepção aristotélica
de explicação científica.
Nos Analíticos Posteriores (ou Segundos
Analíticos), Aristóteles desenvolveu sua concepção do
método científico17. Segundo ele, a investigação científica
começa com o conhecimento de que certos acontecimentos
ocorrem ou que certas propriedades coexistem. Através
do processo de “indução”, tais observações levam a um
princípio explicativo. Uma vez estabelecido, este princípio
pode levar, por dedução, de volta às observações
particulares de onde se partiu ou a outras afirmações a
respeito dos acontecimentos ou propriedades. Há assim, na
explicação científica, um processo de “vai-e-vem”, partindo
do fato, ascendendo para os princípios explicativos, e
descendendo novamente para o fato (Fig. IV.1). O filósofo
17 ARISTÓTELES (2005), Analíticos Posteriores, in Órganon, trad. de E. Bini, Edipro, São Paulo (orig. c. 350 a.C.)
Ver Livro I, § 34, p. 312 [89b10]. Usamos nesta seção: LOSEE, J. (1979), Introdução Histórica à Filosofia da
Ciência, Itatiaia/EDUSP, pp. 15-25. 2a
edição ampliada em inglês: 1980. Também foi consultado: CROMBIE, A.C.
(1953), Robert Grosseteste and the Origins of Experimental Science 1100-1700, Clarendon, Oxford, pp. 24-29. Um
estudo aprofundado é: PORCHAT PEREIRA, O. (2001), Ciência e Dialética em Aristóteles, Ed. Unesp, São Paulo.
Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) deixou uma vasta obra e exerceu uma influência
incomparável até o séc. XVII. Sua doutrina do hilemorfismo defendia que todas as coisas
consistem de matéria (hile) e forma (morfe). Por “matéria” entende-se um substrato (matéria
prima) que só existe potencialmente; sua existência em ato pressupõe também uma forma.
A mudança das coisas é explicada por quatro tipos de causas: o fator material, a
forma, a causa eficiente e a causa final (ou propósito). Por exemplo, uma mesa: sua forma é
sua figura geométrica, sua matéria é a madeira, sua causa eficiente foi a ação de um
carpinteiro, e sua causa final é servir para refeições. Outro exemplo, tirado da biologia
aristotélica: a reprodução de uma espécie animal. A matéria seria fornecida pela mãe, a forma
seria a característica definidora da espécie (no caso do homem, um bípede racional), a causa
eficiente seria fornecida pelo pai, e a causa final seria o adulto perfeito para o qual cresce a
criança. Na natureza, a causa final não consistiria de uma finalidade consciente, mas seria
uma finalidade imanente, que pode ser impedida de acontecer devido à ação de outros fatores.
A física aristotélica rejeitava a “quantificação das qualidades” empreendida pelos
atomistas e por Platão. Partiu de dois pares de qualidades opostas: quente/frio, seco/úmido. Os
corpos simples que compõem todas as substâncias são feitos de opostos: terra = frio e seco;
água = frio e úmido; ar = quente e úmido; fogo = quente e seco. Os elementos tenderiam a se
ordenar em torno do centro do mundo, cada qual em seu “lugar natural”. Se um elemento é
removido de seu lugar natural, seu “movimento natural” é retornar de maneira retilínea: terra
e água tendem a descer, ar e fogo tendem a subir. Voltaremos a discutir a Física aristotélica na
seção VI.1.
2. Método Indutivo-Dedutivo de Aristóteles
Fig. IV.1: Processo de vai-e-
vem da concepção aristotélica
de explicação científica.
Nos Analíticos Posteriores (ou Segundos
Analíticos), Aristóteles desenvolveu sua concepção do
método científico17. Segundo ele, a investigação científica
começa com o conhecimento de que certos acontecimentos
ocorrem ou que certas propriedades coexistem. Através
do processo de “indução”, tais observações levam a um
princípio explicativo. Uma vez estabelecido, este princípio
pode levar, por dedução, de volta às observações
particulares de onde se partiu ou a outras afirmações a
respeito dos acontecimentos ou propriedades. Há assim, na
explicação científica, um processo de “vai-e-vem”, partindo
do fato, ascendendo para os princípios explicativos, e
descendendo novamente para o fato (Fig. IV.1). O filósofo
17 ARISTÓTELES (2005), Analíticos Posteriores, in Órganon, trad. de E. Bini, Edipro, São Paulo (orig. c. 350 a.C.)
Ver Livro I, § 34, p. 312 [89b10]. Usamos nesta seção: LOSEE, J. (1979), Introdução Histórica à Filosofia da
Ciência, Itatiaia/EDUSP, pp. 15-25. 2a
edição ampliada em inglês: 1980. Também foi consultado: CROMBIE, A.C.
(1953), Robert Grosseteste and the Origins of Experimental Science 1100-1700, Clarendon, Oxford, pp. 24-29. Um
estudo aprofundado é: PORCHAT PEREIRA, O. (2001), Ciência e Dialética em Aristóteles, Ed. Unesp, São Paulo.
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