Medidas, no espaço e no tempo, de Stanislaw Ponte Preta
Sérgio Porto
A medida, no espaço e no tempo, varia de
acordo com as circunstâncias. E nisso vai o temperamento
de cada um, o ofício, o ambiente em que vive.
Nossa falecida avó media na base do novelo.
Pobre que era, aceitava encomendas de crochê e disso
tirava o seu sustento. Muitas vezes ouvimo-la dizer: – Hoje
estou um pouco cansada. Só vou trabalhar três novelos.
Nós todos sabíamos que ela levava uma média de
duas horas para tecer cada um dos rolos de lã. Por isso,
ninguém estranhava quando dizia que queria jantar dali a
meio novelo. Era só fazer a conversão em horas e botar a
comida na mesa sessenta minutos depois.
Os índios, por sua vez, marcavam o tempo pela
lua. Isso é ponto pacífico, embora, há alguns anos, por
distração, eu assistisse a um desses terríveis filmes de
carnaval do Oscarito, em que apareciam diversos índios,
alguns dos quais, com relógio de pulso.
Sim, os índios medem o tempo pelas luas, os ricos
medem o valor dos semelhantes pelo dinheiro, vovó media
as horas pelos seus novelos e todos nós, em maior ou menor
escala, medimos distâncias e dias com aquilo que melhor
nos convier.
Agora mesmo houve qualquer coisa com a Light
[companhia de luz] e a luz faltou. Para a maioria, a escuridão
durou duas horas; para Raul, não. Ele, que se prepara para
um exame, tem que aproveitar todas as horas de folga para
estudar. E acaba de vir lá de dentro, com os olhos
vermelhos do esforço, a reclamar:
– Puxa! Estudei uma vela inteira.
Comigo mesmo aconteceu de recorrer a tais
medidas, que quase sempre medem melhor ou, pelos
menos, dão uma ideia mais aproximada daquilo que
queremos dizer. Foi noutro dia quando certa senhora,
outrora tão linda e hoje tão gorda, me deu um prolongado
olhar de convite ao pecado. Fingi não perceber, mas pensei:
“Há uns quinze quilos atrás, eu teria me perdido”.
(In Flora Bender e Ilka Laurito, Crônica: história, teoria e
prática. São Paulo: Scipione, 1993, p. 96-97)
1. Assinale a alternativa que contém a tese da crônica.
(A) “Para a maioria, a escuridão durou duas horas; para Raul,
não”.
(B) “Era só fazer a conversão em horas e botar a comida na
mesa sessenta minutos depois”.
(C) “Agora mesmo houve qualquer coisa com a Light
[companhia de luz] e a luz faltou”.
(D) “todos nós, em maior ou menor escala, medimos
distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier”.
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Resposta:
Explicação:
Olá, o exercício é análise do texto
1. Assinale a alternativa que contém a tese da crônica.
(A) “Para a maioria, a escuridão durou duas horas; para Raul,
não”.
(B) “Era só fazer a conversão em horas e botar a comida na
mesa sessenta minutos depois”.
(C) “Agora mesmo houve qualquer coisa com a Light
[companhia de luz] e a luz faltou”.
(D) “todos nós, em maior ou menor escala, medimos
distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier”.
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Sucesso nos estudos!!!
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