(MEC, Portal do Professor)
A nuvem
– Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar! E meu amigo falou da água, telefone, Light em geral, carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na rua, etc. etc. etc. Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.
Além disso, a verdade não está apenas nos buracos das ruas e outras mazelas. Não é verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de meu crepúsculo.
E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o chão – e seus tradicionais buracos.
(Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana)
1-Informe quem é o narrador da crônica e se ela está em 1° ou 3° pessoa. Justifique com uma frase do texto.
Soluções para a tarefa
O crônica foi escrita em primeira pessoa e o seu narrador é o próprio autor, Rubem Braga.
Podemos perceber que ela foi escrita em primeira pelo uso das formas verbais, que se encontram todas, ou quase todas, na primeira pessoa do singular ("Fico admirado", "Acho que o leitor", "Até que tenho reclamado muito disto e daquilo"), o que indica que quem narra é o sujeito de todas estas ações.
Podemos afirmar que o narrador da crônica é o próprio autor, Rubem Braga, algo que é bastante comum em crônicas e que podemos perceber por uma frase que aparece no final da crônica, quando ele diz para si mesmo "Tome tenência, velho Braga.", de modo que a narrativa não poderia ter sido feita por qualquer outra pessoa.
O crônica foi escrita em primeira pessoa e o seu narrador é o próprio autor, Rubem Braga.
Podemos perceber que ela foi escrita em primeira pelo uso das formas verbais, que se encontram todas, ou quase todas, na primeira pessoa do singular ("Fico admirado", "Acho que o leitor", "Até que tenho reclamado muito disto e daquilo"), o que indica que quem narra é o sujeito de todas estas ações.
Podemos afirmar que o narrador da crônica é o próprio autor, Rubem Braga, algo que é bastante comum em crônicas e que podemos perceber por uma frase que aparece no final da crônica, quando ele diz para si mesmo "Tome tenência, velho Braga.", de modo que a narrativa não poderia ter sido feita por qualquer outra pessoa.