Me disseram...
Disseram-me.
Hein?
O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
O quê?
Digo-te que você...
O “te” e o “você” não combinam.
Lhe digo?
Também não. O que você ia me dizer?
Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
Partir-te a cara.
Pois é. Partir-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
É para o seu bem.
Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
O quê?
O mato.
Que mato?
Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
Eu só estava querendo...
Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
Se você prefere falar errado...
Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
No caso... não sei.
Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
Esquece.
Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
Depende.
Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
Por quê?
Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva 2001, p. 65-6
As construções “Matar-lhe-ei-te”, “Sabes-lo”, “Ensines-lo-me” e “esqueci-lo” não existem em português, nem na norma culta e muito menos na norma popular. No texto, portanto, elas têm uma função especial, que é:
Soluções para a tarefa
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O HUMOR? TALVEZ SEJA APENAS ISSO KK
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