me dêem exemplos de: argumento por ilustração/exemplificação
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Soluções para a tarefa
Fenômenos particulares evocados uns em seguida de outros são considerados exemplos. No texto “Por que tanta lágrima”, de Eurico Penteado, publicado no Jornal “O Estado de São Paulo”, Anexo I, o autor se vale abundantemente de exemplos para reforçar a argumentação e fundamentá-la. Inicia sua matéria partindo de um exemplo histórico para introduzir, ainda que de forma sutil, no terceiro parágrafo, o tema de seu artigo.
Em uma de suas reminiscências [...] O rapazote, que mordia os lábios para controlar-se, o encarou e respondeu com firmeza: ‘Não posso chorar, porque sou homem; mas também não posso rir, porque dói demais’.
Acrescenta outro exemplo com a intenção de tornar seu argumento mais real:
Cremos ter mencionado por essas colunas, há um par de anos [...] uma antiga história que ilustra o ponto [...]. E o veterano respondeu ‘Possivelmente um herói, porém não um cavalheiro’ [...] mas sua imagem perante os munícipes teria sido bem melhor do que é, após sua lacrimosa reação.
Outros exemplos são citados, amparam e solidificam sua argumentação ao longo do discurso. O escritor utiliza-se das falas de um filósofo, concluindo por conta própria, como reforço da sua argumentação. Para nos assegurarmos de que estamos diante de uma argumentação pelo exemplo, nada igual, porém, às exposições em que ela se apresenta formalizada, ou seja, em casos de citações renomadas:
Rabelais dizia que ‘le rire est le propre de l’homme’. Mas não nos consta que jamais alguém tenha dito que chorar seja próprio de homens
O autor apela ainda para exemplos extraídos dos ditos populares:
Não podia chorar porque era homem”... “Desconfie de homem que chora e de mulher que não chora.
O exemplo invocado deverá usufruir estatuto de fato, pois a grande vantagem de sua utilização é dirigir a atenção a esse estatuto.
Por sua vez, a rejeição ao exemplo enfraquecerá a adesão à tese que se queira provar. Isso porque a escolha de um exemplo, enquanto prova, compromete o orador, como espécie de confissão. É o que ocorre no Anexo II, que denominamos réplica ao artigo do Anexo I, publicada no mesmo jornal, em 24/04/89 que, exatamente por se tratar de artigo bem fundamentado, mereceu não só a publicação como até uma resposta do autor, Anexo III, a que chamaremos tréplica (24/04).
O autor do Anexo II inicia seu texto com uma peroração, em que declara sua “pequenez” e elogia a erudição do autor a quem irá contrapor-se:
Perdoe-me, Sr. Eurico Penteado, se não tenho sua enorme erudição e por não tê-la, não consigo escrever de forma tão bonita quanto o faz.
Seu texto possui vários tipos de argumento: a argumentação pragmática “torna-se vital um cuidado imenso com as antinomias, para que os choques não sejam fatais nem letais”; o argumento de identificação “não basta um saber imenso e o emprego de termos inusitados para se construir uma coluna”; o argumento por divisão “Pelé chorou [...] quantos de nós [...] quantos mais não verteram lágrimas”. Há outros tipos de argumentos que não pretendemos especificar por fugir ao escopo desse trabalho.
Ele também se utiliza do exemplo citado dentro da argumentação por divisão, para fundamentar e fortalecer sua tese, conseguindo a adesão do público.
Pelo menos uma vez, no nascimento, o homem chora. Pelé chorou ao ganhar a primeira Copa do Mundo e, apesar disso (ou graças a isso) ganhou mais duas posteriormente. Quantos de nós não se dobrou em lágrimas no nascimento do primeiro filho? E quantos mais não verteram pranto em memória a um ente querido perdido?
Cita ainda, a título de exemplo (voltaremos a esse ponto quando falarmos em Ilustração e Modelo), um fato retirado da História, como ele mesmo revela, utilizado como argumentação pelo exemplo hierarquizado, permeado de ironia retórica:
eu também poderia ter corrido atrás de exemplos perdidos na História e chegar a uma conclusão totalmente oposta à sua. Não o fiz por não me permitir concluir com tão poucos elementos e por me ocorrer que tenho de cabeça um único exemplo tirado da Bíblia (que me merece no mínimo o mesmo crédito que Lincoln), em João 11:35, onde se lê: “Jesus chorou.”.
Afasta, com essa argumentação pelo exemplo, a tese de seu oponente, que sustenta que “homem que é homem não chora”. Aqui os exemplos interagem, “permitindo especificar o ponto de vista sob o qual os fatos anteriores deveriam ser considerados” (Perelman: 404). É evidente que os enfoques de ambos são diferentes, mas o que se percebe é que o autor do Anexo II se aproveita dos mesmos argumentos utilizados pelo autor do Anexo I para contestá-lo e vai além, quando alerta os leitores dos perigos da utilização inadequada de exemplos generalizados.