Filosofia, perguntado por milenemcardoso2012, 10 meses atrás

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Respondido por marciasofiadelima
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Resposta:

"O homem é lobo do próprio homem"

Explicação:

Leviatã é um dos livros políticos mais importantes do ocidente, cuja influência ultrapassa as diferentes realidades políticas do mundo e nas épocas, mantendo a obra como um referencial para o estudo do Poder e da Política.

A obra foi escrita por Thomas Hobbes, matemático e filósofo inglês do século XVII. Hobbes, nascido em 1588 buscou nessa obra entender a realidade política da sociedade inglesa do início do século XVII, período conturbado para os ingleses, tanto no campo cultural quanto no religioso e político.

O nome da obra, Leviatã, faz referência ao monstro bíblico, também referido por outras culturas, que é representado de várias formas ao longo do tempo e que seria uma das criaturas mais temíveis e poderosas do mundo.

O livro tem como tema central a organização social. Hobbes busca com o livro, explicar seu modo de compreensão de como a sociedade se estrutura e as razões pelas quais os homens são o que são e fazem o que fazem e como a política é pensada, aplicada e interfere nesse contexto.

Segundo o autor, o homem nasce egoísta e em busca de satisfação de suas necessidades e que o mundo não pode satisfazer plenamente a necessidade de todos os homens. Nesse Estado Natural do ser humano que busca a satisfação de necessidades e vontades, o homem desconhece a Lei e a Justiça, considerando, a princípio, esses ideais como limitadores ou mesmo inexistentes.

Assim sendo, o ser humano busca satisfazer suas necessidades através do domínio sobe o outro, exercido pelo uso da força e da astúcia.

Essa tentativa de domínio sobre o outro, levada a cabo por cada indivíduo gera, segundo o autor, um estado permanente de guerra de todos contra todos. Uma situação insustentável, pela busca desenfreada de sobrevivência de todos num mundo de recursos limitados.

Para que esse Estado Natural caótico e destrutivo não reine na existência humana, passa a ser necessário, segundo o autor, que haja um Pacto Social, um acordo entre todos, onde os direitos ilimitados justificados pela busca da sobrevivência e da satisfação de necessidades e vontades sejam limitados em prol de uma autoridade maior, soberana, que organize a sociedade, distribuindo os recursos de acordo com as possibilidades e necessidades e garantindo a paz.

Essa ideia surge como uma justificativa teórica para a pática política. Com a teoria, o governo dos soberanos (sobretudo absolutistas) passa a ter base racional, buscando adequar a lógica de poder aos novos tempos.

Essa lógica é necessária à medida que o antigo paradigma do direito divino dos reis, quando se justificava por benção e designação de Deus (ou de deuses) toda e qualquer medida do soberano, passa a ser questionado pelos novos ideais, distanciados da visão religiosa de mundo. O poder e seu exercício passam a ser a justificativa para a manutenção da paz social.

Cumpre lembrar que a referência ao Leviatã bíblico, monstro retratado como sendo de proporções homéricas e poderes gigantescos se encaixa muito bem como metáfora do poder absoluto dos reis do início da Idade Moderna e da Monarquia como regime de governo que tudo controla e em todos os campos atua. O livro em si é uma análise apurada do momento político inglês, principalmente do governo de Oliver Cromwell, que assumiu o poder na Inglaterra após graves crises e conflitos e o exerceu com mãos de ferro, dando a Hobbes uma clara noção de seu Leviatã.

A obra é, portanto, peça fundamental para o entendimento do comportamento humano, sobretudo no que tange ao poder, sua organização, exercício e compreensão pelo homem, além de ser um dos pilares fundamentais tanto da sustentação daquele regime quanto da compreensão do universo político, guardadas as devidas diferenciações e proporções, em todo o mundo e em todos os tempos.

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