Filosofia, perguntado por Deividzxz, 1 ano atrás

Me ajudem... trabalho de complementação pra entregar. Se acharem algum site que tenha essa informações tbm serve !!
- Tema: Ciência e poder na contemporaneidade

-DESTACAR
a) Noções de conhecimento científico
b) noções de poder
c) relações entre ciência e poder
d) conclusões​​

Soluções para a tarefa

Respondido por vampiragames64
3

Resposta:

O poder da ciência mede-se pelo peso dos temas científicos nas questões relevantes para a sociedade a que respeitam. O poder da ciência não é, pois, ditado primariamente pela intensidade das atividades científicas a nível nacional (esta é mais o seu reflexo), mas antes pela percepção por parte dos poderes da importância da ciência e da tecnologia para a consolidação e sobrevivência do sistema. O reconhecimento e o status de cientistas eminentes e a proximidade do poder (político e econômico) de conselheiros científicos são bons indicadores do valor social da ciência.

Por último, temos o poder com ciência, o poder científico, a aspiração de tantas boas e piedosas almas, designado também por «poder iluminado». Na realidade, a ciência expandiu-se enormemente no mundo moderno e os poderes, para se exercerem, têm de saber utilizar conhecimentos científicos, como se disse atrás. Mas tal não significa que o processo de tomada de decisão seja um processo científico nem que os aspectos cognitivos não científicos relacionados com uma dada questão devam ser menorizados. A ciência não detém o monopólio da criação dos significados que levam à formação dos valores e percepções de uma cultura. Poder iluminado é aquele que procura incessantemente a articulação cognitiva mais adequada às questões e aos obstáculos que se lhe deparam.

O papel crescente da ciência no funcionamento da economia e da sociedade contribuiu para clarificar a diferença entre as finalidades da prática científica – a procura da plausibilidade – e as da administração (em geral, e da ciência em particular) – a procura da utilidade. É da tensão entre estas perspectivas, da luta entre elementos individuais e colectivos, ou seja, do contínuo processo de reconciliação entre duas atividades, que resultam motivações no sentido de gerar melhores processos de tomada de decisão. No entanto, a escolha é sempre um atributo da governação.

Pode-se dizer, assim, que o poder mantém uma relação ambivalente com a ciência, permitindo um suficiente «poder da ciência» com o objectivo da sua própria legitimação, mas induzindo o necessário «poder na ciência» como garantia da sua capacidade de supervisão em questões de competência. Na realidade, no final do século XX, a ação, o poder físico e a violência tornaram-se mais «científicos». É, porém, no campo da cultura e dos valores que devemos apreciar a pertinência desta constatação. Não devemos abdicar de ser julgadores em tais matérias. As lições do passado são bem claras a este respeito.

Não se pense, por outro lado, que as três perspectivas analisadas estão longe de possuir interesse prático imediato. Elas levam, por exemplo, a três tipos de grandes questões:

– a da legitimidade da canalização de recursos financeiros consideráveis para grandes projetos de investigação científica específicos, se tal puser em risco o suporte à manutenção de uma competência de base num vasto campo de domínios científicos;

– a do impacto de um estatuto altamente favorável para a carreira de investigação científica, em termos da capacidade e competitividade das unidades de investigação no sector público (e do seu reflexo no sector privado);

– a da necessidade de definir explicitamente uma política para a ciência, em termos da defesa e do reforço da identidade nacional, e de articulá-la com as outras políticas públicas.

Por outro lado, é cada vez mais claro que as atividades científicas têm de ser considerados como inseridas nos fenômenos de natureza cultural mais vasta e, portanto, que a ciência é ela própria uma parte integrante da cultura. Este movimento não deve, porém, induzir a formulação excessiva de generalizações e analogias.

O auditório da ciência é constituído por um público especializado: de um lado, os membros da comunidade científica; do outro, um conjunto de indivíduos ligados ao exercício do poder. Mas é claro que a profissionalização da ciência e a sua emergência como base do desempenho econômico contemporâneo causaram profundas repercussões na vida das sociedades modernas.

A necessidade de divulgar os resultados e outros acontecimentos científicos, bem como de tornar conhecidos do público as opiniões e as interrogações dos cientistas, a necessidade de avaliar os impactos dos grandes projetos tecnológicos e, sobretudo, de analisar os progressos científicos em termos das implicações futuras são reais, prementes e sérias. A opinião pública, os segmentos especializados da população, os factores e agentes econômicos e políticos não se podem alhear nem alienar das grandes questões da ciência, para a ciência, envolvendo a ciência. O alargamento e aprofundamento da cultura científica são tarefas primordiais em todas as sociedades que querem continuar a poder ser avançadas.


Deividzxz: obrigado, vou copiar aqui correndo pois preciso entregar hj
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