Português, perguntado por gnoooooo, 4 meses atrás

ME AJUDEM PORQUE PRECISO ENTREGAR AMANHÃ POR FAVOR
Bons dias!
Quem nunca invejou, não sabe o que é padecer. Eu sou uma lástima. Não posso
ver uma roupinha melhor em outra pessoa, que não sinta o dente da inveja
morder-me as entranhas. É uma comoção tão ruim, tão triste, tão profunda, que
dá vontade de matar. Não há remédio para esta doença. Eu procuro distrair-me
nas ocasiões; como não posso falar, entro a contar os pingos de chuva, se chove,
ou os basbaques que andam pela rua, se faz sol; mas não passo de algumas
dezenas. O pensamento não me deixa ir avante. A roupinha melhor faz-me foscas,
a cara do dono faz-me caretas...
Foi o que me aconteceu, depois da última vez que estive aqui. Há dias, pegando
numa folha da manhã, li uma lista de candidaturas para deputados por Minas, com
seus comentos e prognósticos. Chego a um dos distritos, não me lembra qual,
nem o nome da pessoa, e que hei de ler? Que o candidato era apresentado pelos
três partidos, liberal, conservador e republicano.
A primeira coisa que senti, foi uma vertigem. Depois, vi amarelo. Depois, não vi
mais nada. As entranhas doíam-me, como se um facão as rasgasse, a boca tinha
um sabor de fel, e nunca mais pude encarar as linhas da notícia. Rasguei afinal a
folha, e perdi os dois vinténs; mas eu estava pronto a perder dois milhões,
contando que aquilo fosse comigo.
Upa! que caso único. Todos os partidos armados uns contra os outros no resto do
Império, naquele ponto uniam-se e depositavam sobre a cabeça de um homem os
seus princípios. Não faltará quem ache tremenda a responsabilidade do eleito, —
porque a eleição, em tais circunstâncias, é certa; cá para mim é exatamente o
contrário. Dêem-me dessas responsabilidades, e verão se me saio delas sem
demora, logo na discussão do voto de graças.
— Trazido a esta Câmara (diria eu) nos paveses de gregos e troianos, e não só
dos gregos que amam o colérico Aquiles, filho de Peleu, como dos que estão com
Agamenon, chefe dos chefes, posso exultar mais que nenhum outro, porque
nenhum outro é, como eu, a unidade nacional. Vós representais os vários
membros do corpo; eu sou o corpo inteiro, completo. Disforme, não; não monstro
de Horácio, por quê? Vou dizê-lo.
E diria então que ser conservador era ser essencialmente liberal, e que no uso da
liberdade, no seu desenvolvimento, nas suas mais amplas reformas, estava a
melhor conservação. Vede uma floresta! (exclamaria, levantando os braços). Que
potente liberdade! e que ordem segura! A natureza, liberal e pródiga na produção,
é conservadora por excelência na harmonia em que aquela vertigem de troncos,
folhas e cipós, em que aquela passarada estrídula, se unem para formar a floresta.
Que exemplo às sociedades! Que lição aos partidos!
O mais difícil parece que era a união dos princípios monárquicos e dos princípios
republicanos; puro engano. Eu diria: 1°, que jamais consentiria que nenhuma das
duas formas de governo se sacrificasse por mim; eu é que era por ambas; 2°, que
considerava tão necessária uma como outra, não dependendo tudo senão dos
termos; assim podíamos ter na monarquia a república coroada, enquanto que a
república podia ser a liberdade no trono, etc., etc.
Nem todos concordariam comigo; creio até que ninguém, ou concordariam todos,
mas cada um com uma parte. Sim, o acordo pleno das opiniões só uma vez se deu
abaixo do sol, há muitos anos, e foi na assembléia provincial do Rio de Janeiro.
Orava um deputado, cujo nome absolutamente me esqueceu, como o de dois, um
liberal, outro conservador, que virgulavam o discurso com apartes, — os mesmos
apartes. A questão era simples.
O orador, que era novo, expunha as suas idéias políticas. Dizia que opinava por
isso ou por aquilo. Um dos apartistas acudia: é liberal. Redargüia o outro: é
conservador. Tinha o orador mais este e aquele propósito. É conservador, dizia o
segundo; é liberal, teimava o primeiro. Em tais condições, prosseguia o novato, é
meu intuito seguir este caminho. Redargüia o liberal: é liberal; e o conservador: é
conservador. Durou este divertimento três quartos de colunas do Jornal do
Comércio. Eu guardei um exemplar da folha para acudir às minhas melancolias,
mas perdi-o numa das mudanças de casa.
Oh! não mudeis de casa! Mudai de roupa, mudai de fortuna, de amigos, de
opinião, de criados, mudai de tudo, mas não mudeis de casa!
Qual é a temática da crõnica? Qual a importância do evento retratado pelo cronista?

Soluções para a tarefa

Respondido por Liziamarcia
1

É uma Crônica Humorista 


Segue abaixo um exemplo de crônica do escritor brasileiro “Machado de Assis”.


Bons Dias ! É uma crônica humorística,em sua crônica ele apela para o humor como forma de entreter o público, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do humor para criticar alguns aspectos seja da sociedade, política, cultura, economia,


  1-) Qual é a temática da crõnica abaixo?Uma critica da política e dos partidos políticos da época . 


2-) Qual a importância do evento retratado pelo cronista?


a crítica dos costumes , mostrando que o povo não sabe votar e nem escolher seus partidos políticos


 “o orador faz seu discurso 

Um dos apartistas acudia: é liberal… Redargüia o outro: é conservador...

Tinha o orador que teimava é o liberal: é liberal; e o conservador: é conservador.”


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