Português, perguntado por vabiuili, 6 meses atrás

Me ajudem pfvr Questão 6
[...]
Abriam-se as aulas a 15 de fevereiro.
De manhã, à hora regulamentar, compareci. O diretor, no escritório do estabelecimento, ocupava uma cadeira rotativa junto à mesa de trabalho. Sobre a mesa, um grande livro abria-se em colunas maciças de escrituração e linhas encarnadas.
Aristarco, que consagrava as manhãs ao governo financeiro do colégio, conferia, analisava os assentamentos do guarda-livros. De momento a momento entravam alunos. Alguns acompanhados.
A cada entrada, o diretor lentamente fechava o livro, marcando a página com um alfanje de marfim; fazia girar a cadeira e soltava interjeições de acolhimento, oferecendo episcopalmente a mão peluda ao beijo contrito e filial dos meninos. Os maiores, em regra, recusavam-se à cerimônia e partiam com um simples aperto de mão.
O rapaz desaparecia, levando o sorriso pálido na face, saudoso da vadiação ditosa das férias. O pai, o correspondente, o portador, despedia-se, depois de banais cumprimentos, ou palavras a respeito do estudante, amenizadas pela gracinha da bonomia superior de Aristarco, que punha habilmente um sujeito fora de portas com o riso fanhoso e o simples modo impelido de segurar-lhe os dedos.
A cadeira girava de novo à posição primitiva; o livro da escrituração espalmava outra vez as páginas enormes; e a figura paternal do educador desmanchava-se, volvendo a simplificar-se na esperteza atenta e seca do gerente.
A este vaivém de atitudes, feição dupla de uma mesma individualidade e contingência comum dos sacerdócios, estava tão habituado o nosso diretor, que nenhum esforço lhe custava a manobra. O especulador e o levita ficavam-lhe dentro em camaradagem íntima, bras dessus, bras dessous. Sabiam, sem prejuízo da oportunidade, aparecer por alternativa ou simultaneamente; eram como duas almas inconhas num só corpo.
Soldavam-se nele o educador e o empresário uma perfeição rigorosa de acordo, dois lados da mesma medalha: opostos, mas justapostos.
Quando meu pai entrou comigo, havia no semblante de Aristarco uma pontinha de aborrecimento. Decepção talvez de estatística; o número dos estudantes novos não compensando o número dos perdidos, as novas entradas não contrabalançando as despesas do fim do ano. Mas a sombra de despeito apagou-se logo, como o resto de túnica que apenas tarda a sumir-se numa mutação à vista; e foi com uma explosão de contentamento que o diretor nos acolheu.
Sua diplomacia dividia-se por escaninhos numerados, segundo a categoria de recepção que queria dispensar. Ele tinha maneiras de todos os graus, segundo a condição social da pessoa. As simpatias verdadeiras eram raras. No âmago de cada sorriso, morava-lhe um segredo de frieza que se percebia bem. E duramente se marcavam distinções políticas, distinções financeiras, distinções baseadas na crônica escolar do discípulo, baseadas na razão discreta das notas do guarda-livros. Às vezes, uma criança sentia a alfinetada no jeito da mão a beijar. Sala indagando consigo o motivo daquilo, que não achava em suas contas escolares... O pai estava dois trimestres atrasado.
[...]
POMPEIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Ática, 2001.

(UFTM) Sobre a obra de Raul Pompeia, Mário de Andrade escreveu: “[...] O Ateneu é uma caricatura sarcástica [...] da vida psicológica dos internatos. Digo caricatura no sentido de se tratar de uma obra em que os traços estão voluntariamente exagerados numa intenção punitiva [...]”.


Pela leitura da passagem anterior, extraída do romance, pode-se considerar como caricatural e sarcástico
I. o modo pelo qual Aristarco é descrito pelo narrador, oferecendo de maneira episcopal a mão peluda ao beijo contrito e filial dos alunos.
II. o modo pelo qual o narrador observa que Aristarco consagrava as manhãs ao governo financeiro do colégio, conferindo as anotações feitas em um grande livro que se abria em colunas maciças de escrituração e linhas encarnadas.
III. o fato de o narrador ter associado os movimentos da cadeira giratória ocupada por Aristarco às mudanças de atitude deste, a cadeira funcionando como metáfora da personalidade do diretor.
Está correto o que se afirma em

II, apenas.

I e II, apenas.

I e III, apenas.

II e III, apenas.

I, II e III.

Soluções para a tarefa

Respondido por raquelmartinsdasilva
2

dois apenas

Explicação:

um dois três

Respondido por arianestyleonline
3

Resposta:

I, II e III.

Explicaç ão:

Como todas estão corretas, as próprias questões se explicam

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