Me ajudem pfvr
Oque torna um espaço mais valorizado que outro espaço?
Soluções para a tarefa
Creio que a observação que Otávio Velho (1996, p. 57) fez sobre a importância em se compreender o processo de globalização "como perspectiva – e não apenas como objecto" –, pode ser um bom começo para se estudar as dinâmicas socio-espaciais. Para o autor este processo "parece alterar significativamente a maneira pela qual são abordadas as temáticas usuais das ciências sociais", dado que a globalização coloca-se como "pano de fundo" dos processos e das articulações intersocietais, bem como das reflexões sobre eles. De facto, esta aproxima sujeitos e objectos, relativiza oposições – como a que opõe o local e o global – e combina "tendências paradoxais"– como é o caso dos processos de homogeneização e de heterogeneização.
Mas operacionalizar esta perspectiva de conhecimento não é uma tarefa fácil. Olhar e produzir conhecimento sobre a cidade surge quase como um processo de "descoser" e "coser" de uma enorme "manta de retalhos" que, entretanto, se constitui a partir de uma lógica mais abrangente e que não se limita à(s) peça(s) que visualizamos (que agulha servirá para coser a manta?). Notar que, a par dos fenômenos de massificação cultural e globalização da economia, as diferenças continuam, se multiplicam e se complexificam. Mais ainda: aquilo que nos surge como diferente é muitas vezes o resultado das combinações e articulações entre razões (como a global e a local) e processos (como os de manutenção e transformação) aparentemente distintos.
Parece-me que, para se compreender as dinâmicas socio-espaciais, é importante ter em conta os seguintes aspectos: (i) as referências socio-espaciais são, cada vez mais, o resultado da justaposição, sobreposição ou correlação de vários elementos, suscitando a existência de significações múltiplas e combinadas; (ii) o movimento dialéctico existente entre a razão global e a razão local suscita a utilização de escalas de mediação ou intermediação entre estas duas ordens (ou razões).1 Como sublinhou Firmino da Costa (1995, p. 121), é importante compreender os "fenômenos sociais – tais como os de localidade ou de organização" – a partir das escalas intermediárias que se estabelecem entre dois eixos complementares: um eixo vertical – que "designa uma escala intermediária de agregação, entre os indivíduos e aquela dos sistemas da sociedade"– e um eixo horizontal – que "corresponde aos objectos sociais contextualizados e em interacção".