Mas, quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido.
Saíram de madrugada. Sinha Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinhá Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2008.
Nesse fragmento de Vidas secas, de Graciliano Ramos, além da degradação natural e do desalento causados pela seca, fica evidente outro fator que provoca a deserção de Fabiano e sua família. Esse fator, contemplado pela crítica social empreendida na obra, é a(o)
A falta de fé do homem sertanejo.
B exploração do trabalho humano.
C invisibilidade da mulher no sertão. D mau tratamento dado aos animais. E improdutividade típica da Caatinga.
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Letra b.
Nota-se, por intermédio da leitura do texto, uma evidente relação entre a saída e fuga da família sertaneja com o evidente trabalho e exploração do trabalho humano, realizado sem qualquer cuidado, atenção governamental, ou ainda, regulamentação.
Trata-se de uma ocorrência de agrava ainda mais a condição da seca, promovendo uma evidente crítica social à questões sociais, bem como as desigualdades no meio nordestino.
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