MAID
Não resumirei superficialmente a série MAID, da Netflix. O que importa: é urgente assisti-la, ainda mais se você é mulher. Os 10 episódios, com cerca de 50 minutos cada um, foram a terapia que me valeu na vida. Levei 60 anos para esclarecer zonas nebulosas dentro de mim. Você pode levar menos tempo.
MAID é sobre abuso. Nem físico, nem sexual. O assunto é mais entranhado. A personagem principal Alex (Margareth Qualley) tem 25 anos e sofre abuso psicológico. Não o assédio moral, tão comum em relações de trabalho, e sim a violência emocional que acontece entre pessoas do círculo íntimo. Dentro da família e dentro de casamentos.
É sobre feridas que não ficam visíveis através de hematomas. Que são abertas na alma e sulcadas lentamente, dia após dia, sem chance de cicatrização, e tão triviais se tornam que a gente acaba se acostumando, achando que é assim mesmo, faz parte da vida.
Não é sobre paixão, esta palavra romântica usada para justificar desatinos. A mãe de Alex (vivida por Andie MacDowell, que é mãe de verdade de Margarth Qualley) também sofre abusos de seus parceiros, mas prefere se autoenganar, acreditando que eles fazem isso por amor. Tão mais conveniente. Não obriga ninguém a fugir. Mas a alienação cobra seu preço: pira.
MAID é sobre cortar o laço com a dor psíquica. É sobre ter coragem de se afastar em definitivo de quem nos faz mal.
Não é sobre o que eles fazem, mas sobre como nos sentimos. Se nos sentimos inferiores, acuadas, fragilizadas, presas, impotentes, estamos sofrendo agressão emocional, e nesse aspecto a atuação de Margareth Qualley é perfeita. Só de olhar para ela, reconhecemos o dano. Sua coragem para interromper o ciclo e ir em busca de sua integridade é inspiradora e comovente.
MAID é sobre a dificuldade dessa busca. De como não existe heroísmo, e sim uma sequência de derrotas à nossa frente e o quanto precisamos de ajuda. Mais do que tratadas, temos que ser socorridas -- por terapeutas e também pela vizinha, pela patroa, pela colega, por qualquer outra pessoa que não julgue, simplesmente estenda a mão.
É sobre manipuladores, mesmo que pareçam sujeitos bacanas, e sobre homens que não reproduzem o machismo decadente, os bacanas de verdade.
MAID não é sobre exagero e frescura (palavras que tentam minimizar a gravidade do assunto), mas sobre a beleza de se libertar de intimidações, usando o combustível que nos leva para fora do buraco: o amor por nós mesmos e por nossos filhos. Alegar que é por amor que também ficamos é uma mentira que não se sustenta em pé.
Trilha sonora excelente, roteiro amarradíssimo, episódios cheios de ação, elenco exato: nem precisava, mas ainda tem tudo isso. Vai emocionar e vai doer, mas sem dor não há ganho.
(Martha Medeiros - "Zero Hora" -- 09/10/21)
01) O que você achou do título dado à crônica? Que outro você daria?
02) Qual a temática presente no texto? Justifique sua resposta:
03) Por que foi valioso e libertador para autora assistir à tal minissérie? Você já assistiu?
04) Que tipos de violências são citados no texto?
05) Qual deles você acha pior? Por quê?
06) Retire do texto um par de antítese:
07) Transcreva da crônica uma parte em que as mulheres acabam achando determinadas ações naturais, quando não deveriam:
08) Quais são os dois caminhos possíveis apontados pela autora, para quem sofre abusos?
09) Quais as vantagens e desvantagens desses dois caminhos?
10) O que é necessário fazer com quem sofre abusos? O que não se deve fazer e que, infelizmente, é tão comum de ocorrer?
11) Por que as palavras "exagero" e "frescura" minimizam a gravidade do assunto "abusos"? Você concorda com isso?
12) Que mensagem o texto transmite? Comente:
Soluções para a tarefa
Resposta:
olá boa tarde...
1)na minha opinião "MAID" não é o título ideal, pois traduzido para o português significa: empregada, criada, doméstica... e a minissérie não se trata só de trabalho, acho que o título da crônica deveria ser "começando do zero", pois é Alex quem vive a trama da crônica.
2)fala sobre a minissérie "MAID", é sobre uma mãe jovem que sofria abuso psicológico, e que busca liberdade para recomeçar sua vida, a autora já aproveita para falar sobre o assunto do abuso pisicológico.
3)assistir essa minissérie foi uma terapia para a autora, que segundo ela a ajudou a esclarecer zonas nebulosas dentro dela.
4)abuso físico, abuso sexual, abuso pisicológico e assédio moral.
5)de a sua opinião.
6)Não o assédio moral, tão comum em relações de trabalho, e sim a violência emocional que acontece entre pessoas do círculo íntimo.
7)"É sobre feridas que não ficam visíveis através de hematomas. Que são abertas na alma e sulcadas lentamente, dia após dia, sem chance de cicatrização, e tão triviais se tornam que a gente acaba se acostumando, achando que é assim mesmo, faz parte da vida."
8)procurar ajuda ou ficar se autoenganando.
9)procurar ajuda: vantagens: sair de um relacionamento abusivo.
desvantagens: a maioria das vítimas acha dificil (por questões emocionais)
ficar se autoenganando:vantagens: nenhuma.
desvantagens: faz mal, e continua em uma situação abusiva.
10)devemos tentar ajudar a pessoa, não a julgar mas a estender a mão.
11)(de sua resposta pessoal)
12)não fique em um relacionamento abusivo, liberte-se de qualquer violência, pelo amor que você tem por si mesma.