Question

Luta de classes vocabular Tirando fugazes momentos em que, no entender de certos operadores de telemarketing, eu sou um cavalheiro, na esmagadora maioria do tempo eu sou um cara. Todas as palavras usadas para me descrever a mim e ao meu mundo são triviais. Por exemplo, na última ceia, como é sabido, Nosso Senhor Jesus Cristo bebeu por um graal. Nunca me aconteceu. Os meus amigos e eu, quando jantamos, bebemos sempre por copos. Nunca vamos tomar uns graais. São sempre vulgares — e, por vezes, plásticos — copos. Muito provavelmente, também não terei um solene leito de morte. Como é óbvio, durmo na cama. Devo morrer lá. Outro exemplo: nos livros, as personagens retiram-se com muita frequência para os seus aposentos. Não é o meu caso. Eu vou para o meu quarto. PEREIRA, R. A. Folha de S.Paulo, 28 jul. 2017. A crônica aborda o emprego das variedades linguísticas. Os exemplos da norma culta, em contraste com os do padrão coloquial, servem para mostrar que ela é usada na sociedade para a) produzir efeito de ironia. b) criticar situações vulgares. c) estimular a luta de classes. d) atribuir condição de prestígio. e) igualar qualidades contrastantes.

Answer 1

A resposta correta é a D, atribuir uma condição de prestígio.

Analisando a crônica.

Na crônica Luta de classes vocabular, Pereira, além de fazer contrastes entre a norma "padrão" ou "culta" e "coloquial" (veja mais sobre em M. Bagno), sempre faz algum tipo de referência à dicotomia Nobre X Pobre/ Comum.

Veja:

• Cavalheiro (nobre) x cara (pobre).
• Graal (nobre) x copo (pobre).
• Solene leito de morte (nobre) x cama (pobre).
• Aposentos (nobre) x quarto (pobre).

Mas apesar deste contraste nobre X pobre, junto ao título da crônica, poderem levar a um entendimento que a norma culta, neste texto, se refere mais a luta de classes, atente-se:

⇒Deve-se observar que este é um assunto subliminar, mas o tema é a condição de mais prestígio que a norma culta traz consigo.

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