luta corporal resumo
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Resposta:
A Luta Corporal
, de Ferreira Gullar, é o primeiro livro do poeta,
e um dos livros mais discutidos de sua geração, onde desintegra
palavras, numa semelhança com o concretismo. É considerado precursor
do movimento paulista de poesia concreta. A obra marca a transição
entre a poesia guerra / paz de Carlos Drummond de Andrade e do concretismo (Augusto
e Haroldo de Campos e Décio Pignatari). Neste ponto, Gullar soube ser o
eixo de transição.
Esta obra inclui poemas escritos de 1950 a 1953. Esse livro é um verdadeiro
laboratório de pesquisa sobre linguagem, pois “urge buscar outras
formas”. A leitura não só dos poemas, mas também
dos textos críticos, revela a luta travada com a palavra. Ferreira Gullar.
referindo-se ao título daquele livro, explica:
[…] minha busca de uma linguagem não-conceitual implicava a rejeição
dos conteúdos ideológicos do universo cultural que me coubera
como herança. Ao retomar, noutro nível, o contato como a realidade
social, a partir de uma visão crítica de seus fundamentos, tornou-me
necessário, como poeta, começar de novo. Voltei-me então
para as formas poéticas rudimentares dos cantadores de feira e dos romances
de cordel, que haviam fascinado a minha infância nordestina. (ULC,
p.27)
Luta porque essa identificação do homem com a linguagem
era uma aspiração e não uma realidade conquistada. Luta
para transformar a linguagem num corpo vivo, vivo como o meu próprio
corpo, denso como um ser natural, como um organismo. Essa tentativa me levou
a violentar a sintaxe e os vocábulos a ponto de o poema se tornar quase
ilegível. (ULC, p. 43-4)
Uma das inúmeras importantes contribuições estilísticas
de Gullar é o uso expressivo e singular da espacialidade dos versos,
já presente em versos do nono dos Sete Poemas Portugueses, que abrem
A Luta Corporal. É isso mesmo: o nono dos sete poemas, pois
foram retirados da publicação os dois primeiros poemas. Gullar
já disse que foi uma decisão com base na qualidade estética:
os dois primeiros não estariam à altura do terceiro poema.
Segundo o prórpio Ferreira Gullar, “o nome do livro não
é por acaso: era uma luta comigo mesmo. Na minha busca terminei fragmentando
a linguagem. Achava que a linguagem era uma realidade. Desarticulei-a para encontrar
essa realidade: ela não tinha essência nenhuma.”