(Livro Infancia Fragmento 2)Questão 1 – Quem é o personagem protagonista desse romance? Explique.
Questão 2 – Qual é a situação-problema na qual o menino está envolvido?
Questão 3 – Quem são os personagens secundário?
Questão 4 - Quando ocorre essa passagem da história? Qual expressão marca o tempo?
Questão 5 – Há um vilão ou uma força antagônica que atrapalha o desejo do protagonista? Oque ou quem seria? Explique.
Significado de Antagônica – algo contrário ou oposto de um argumento; ideias contrárias.
Questão 6 – O que estimulou o menino a enfrentar sua dificuldade de ler?
Questão 7 – Onde ocorre a história? Como é possível supor essa informação?
Soluções para a tarefa
Resposta:
o menino,o pai
- O menino é o protagonista do romance e a história ocorre em torno da situação-problema na qual ele está envolvido.
- Ele não sabe ler, o que o faz se sentir inferiorizado em relação aos outros que sabiam.
- Os colegas, o pai e a prima Emília.
- Quando o personagem tinha 9 anos, no início do século XX. (está no fragmento I) "Aos nove anos, eu era quase analfabeto"
- Não há um vilão, mas força antagônica, que é a falta de acesso às escolas de qualidade.
- Seu interesse pela história e o apoio inestimável da prima Emília, que dizia que se os astrônomos podiam ler as estrelas, longe, para ele não seria problema aprender a ler o que estava a um palmo dos olhos.
- Os locais são:
- escola
- casa
- Quintal da casa.
- O menino também afirma ter vizinhos, o que remete a uma área urbana, uma cidade, não ao campo em idos de 1900.
"Infância" de G. Ramos - Fragmento 2
As passagens correspondentes a algumas questões acima estão com o número correspondente próximo, em negrito. As outras respostas estão no fragmento I, que deve ter consigo.
"[...] Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.
À noite meu pai (3) me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.
Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas meu velho (3) estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.
Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem (3) que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.
Findas, porém, as manifestações secretas de mágoa, refleti, achei que o mal tinha remédio e expliquei o negócio a Emília (3), minha excelente prima. O rosto sereno, largos olhos pretos, um ar de seriedade — linda moça. A irmã, brincalhona e rabugenta, ora pelos pés, ora pela cabeça, ria como doida e logo explodia em acessos de cólera. Mas Emília não era deste mundo. Só se zangou comigo uma vez, no dia em que, tuberculosa, me viu beber água no copo dela. Um anjo.
Confessei, pois, a Emília (3) o meu desgosto e propus-lhe que me dirigisse a leitura. Esforcei-me por interessá-la contando-lhe a escuridão na mata, os lobos, os meninos apavorados, a conversa em casa do lenhador, o aparecimento de uma sujeita que se chamava Águeda. [...] Assim, era necessário que a priminha lesse comigo o romance e me auxiliasse na decifração dele.
(6)⇒Emília respondeu com uma pergunta que me espantou. Por que não me arriscava a tentar a leitura sozinho?
Longamente lhe expus a minha fraqueza mental, a impossibilidade de compreender as palavras difíceis, sobretudo na ordem terrível em que se juntavam. Se eu fosse como os outros, bem; mas era bruto em demasia, todos me achavam bruto em demasia.
Emília combateu a minha convicção, falou-me dos astrônomos, indivíduos que liam no céu, percebiam tudo quanto há no céu. Não no céu onde moram Deus Nosso Senhor e a Virgem Maria. Esse ninguém tinha visto. Mas o outro, o que fica por baixo, o do Sol, da Lua e das estrelas, os astrônomos conheciam perfeitamente.
Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, porque não conseguiria eu adivinhar a página aberta diante dos meus olhos? Não distinguia as letras? Não sabia reuni-las e formar palavras? (fim de 6)
Matutei na lembrança de Emília. Eu, os astrônomos, que doidice! Ler as coisas do céu, quem havia de supor?
E tomei coragem, fui esconder-me no quintal (7), com os lobos, o homem, a mulher, os pequenos, a tempestade na floresta, a cabana do lenhador. Reli as folhas já percorridas. E as partes que se esclareciam derramavam escassa luz sobre os pontos obscuros. Personagens diminutas cresciam, vagarosamente me penetravam a inteligência espessa. Vagarosamente.
Os astrônomos eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com histórias tristes, em que há homens perseguidos, mulheres e crianças abandonadas, escuridão e animais ferozes."[...]
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