Lira do amor romântico ou a eterna repetição - de Carlos Drummond de Andrade
Atirei um limão n’água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.
[...]
Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!
Atirei um limão n’água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.
Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.
Atirei um limão n’água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.
[...]
Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.
[...]
Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.
Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.
Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.
Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.
1)No poema ocorre uma figura de linguagem chamada personificação. Explique onde acontece e como.
2)Localize a onomatopeia no poema.
3)Há também uma antítese no poema. Onde?
4)Quantos versos e quantas estrofes tem o poema?
5)Na última estrofe há uma hipérbole. Localize-a.
Soluções para a tarefa
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1. Acontece na margem de um rio
2.R-r-r-r e a onomatopeia
3. As antíteses também estão presentes em provérbios, na boca povo: "Quem quer faz, quem não quer manda".
4. 10 versos e 3 estrofes
5. "Hás de amar eternamente"
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