Limite inferior
Aprendi muito com o economista filósofo Roberto de Oliveira Campos, particularmente quando tive a honra e a oportunidade de conviver com ele durante anos na Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assis tía mos aos mesmos discursos, alguns muito bons e sábios.
Frequentemente, diante de alguns incontroláveis colegas que exerciam uma oratória de alta visibilidade, com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, Roberto me surpreendia com a afirmação: “Delfim, acabo de demonstrar um teorema”. E sacava uma mordaz conclusão crítica contra o incauto orador.
Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensur - deceu o plenário com uma gritaria que entupiu os ouvidos dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo discurso com o ar de quem estava inventando o mundo fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: a ignorância não tem limite in ferior”. E completou, com a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele poderemos construir mundos maravilhosos”.
(Antonio Delfim Netto, Folha de S. Paulo, 17/09/2014. Adaptado).
a) Explique por que o axioma formulado por Roberto de Oliveira Campos tornaria possível “construir mundos maravilhosos”.
b) Identifique o trecho do texto que explica o emprego da expressão “oratória de alta visibilidade”.
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a) "A ignorância não tem limite inferior" tem um tom de sarcasmo da forma com que o autor se refere à ignorância, dizendo que ela não tem limite.
E ao mesmo tempo pode gerar um "mundo maravilhoso", pois a falta de conhecimento pode proporcionar momentos engraçados.
b) O trecho em questão é o que faz referência ao gestual de alguns deputados "com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia".
E ao mesmo tempo pode gerar um "mundo maravilhoso", pois a falta de conhecimento pode proporcionar momentos engraçados.
b) O trecho em questão é o que faz referência ao gestual de alguns deputados "com os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia".
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