Levantei-me, corri a pegar o giz, aqui está, professor. Ele me olhou agradecido, o rosto cansado. Já naquela época, o rosto cansado. Dava aulas em três escolas e ainda levava para casa uma maçaroca de provas para corrigir. O aluno preparava-se para sentar, ele, o olhar fino:
– Aproveitando que o moço está de pé, me diga: sabe o que é um anacoluto?
É o que dá a gente querer ser legal. Vai-se apanhar o giz do chão, e o professor vem e pergunta o que é anacoluto. Por que não pergunta àquela turma que ficou rindo do bolso traseiro rasgado das calças dele?
– Anacoluto... Anacoluto é... Anacoluto.
– Pode se sentar. Vou explicar o que é anacoluto. Muito obrigado por ter apanhado o giz do chão. Estou ficando enferrujado. Agora era ele, no bar, tomando café.
– Lembra de mim, professor? Também estou de cabelos brancos. Menos que ele, claro.
Com o indicador da mão esquerda acerta o gancho dos óculos no alto do nariz fino e cheio de pintas pretas e veiazinhas azuladas, me encara, deve estar folheando o livro de chamada, verificando um a um o rosto da cambada da segunda fila da classe.
–Fui seu aluno, professor!
Que reflexão o texto traz?
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Resposta: Legal historia
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