LEVANTE A MÃO quem tem simpatia por gari. Agora levante a mão quem já perdeu tempo na vida conversando com um gari. Nessa, levo vantagem. Depois que tomei conhecimento sobre a tese de mestrado do sociólogo Fernando Braga da Costa, "Garis - um estudo de psicologia sobre a invisibilidade pública", passei a atazanar a vida de todo santo profissional de limpeza que encontro pela frente. O estudo revela que as pessoas ignoram o gari por entender que não se trata de um ser humano e sim de uma função. Segundo o pesquisador, que passou cinco anos atuando como gari três vezes por semana para realizar sua tese, a maioria nem percebe que o profissional existe: "O uniforme simboliza a invisibilidade e nós temos que mudar isso, trata-se de uma violência", Fernando da Costa abriu-me os olhos. Um simples "bom dia" custa-me muito pouco -e, se ele pode alterar o estado das relações entre garis e não garis, por que não buscar uma aproximação? Hoje em dia, o pessoal da limpeza da Band quase dá no pinote quando me vê. Todos sabem que vou puxar conversa. E, no Ibirapuera, o parque que frequento, só tem gari feliz. Descobri que muitos são meteorologistas a tempo perdido. Bastou você iniciar um papo com algum deles para descobrir se irá ou não chover naquele dia. Esclareço também que contribuí com a caixinha de Natal para a limpeza da minha rua e que, ao menos por ora, estou em paz com meus conceitos e preconceitos em relação a garis e lixeiros. Assim sendo, sinto-me à vontade para dar o meu pitaco sobre o "affair Boris Casoy", meu colega de Bandnews FM, que disse uma bobagem estratosférica sobre os profissionais da limpeza pública com o microfone aberto e agora está sendo massacrado pela Santa Inquisição do politicamente correto. Foi infeliz o comentário do apresentador do "Jornal da Band"? Foi. Mas, vem cá: tem alguma relevância? Muda em um iota todos os anos de excelentes serviços prestados por Boris Casoy ao jornalismo tapuia? É evidente que não. Que eu saiba, o lixeiro é mesmo "o mais baixo na escala do trabalho", como afirmou Boris com desavergonhada crueza. Ou será que algum Dalai Lama vai ousar me dizer que o posto é ocupado pelos médicos? Um gari e um lixeiro desejando "muito dinheiro" em 2010 é mesmo motivo de riso; não vejo onde esteja o enorme preconceito de que o jornalista foi acusado. E ele pediu desculpas, não pediu? Coisa que as quase duas centenas de seres límpidos e puros que ocuparam o espaço dos comentários no meu blog para exigir a cabeça do apresentador não fazem quando dão fechada no trânsito, furam fila ou falam o mesmo tipo de besteira sobre lixeiros em mesas de bar. GANCIA, Barbara. “Sirvam a cabeça de Boris com Batatas!” . Folha de São Paulo . 08 jan 2010. Os textos jornalísticos têm como objetivo um leitor mais imediato, o qual interage diretamente com seus textos e posicionamentos. Cada texto tem uma indicação: o editorial, mais do que feito por uma pessoa, representa o posicionamento de uma instituição acerca de um assunto. Tendo como base o leitor-modelo de cada gênero textual, pode-se dizer que o texto acima é um exemplo de
A) reportagem, pois aborda um assunto calcado em fatos, informações e aprofundamento de ideias, muitas vezes, à várias mãos.
B) resenha crítica, pois aborda um assunto como base em uma leitura de mundo única da jornalista.
C) resenha acadêmica, pois apesar do tom informal é um texto mais propício para circulação em meios universitários.
D) carta do leitor, visto que usa uma linguagem mais informal para se apropriar do espaço jornalístico.
E) artigo de opinião, pois a repórter aproveita o espaço para defender um tema polêmico para o momento.
Soluções para a tarefa
Respondido por
13
Resposta:
letra a
Explicação:
Espero ter ajudado e bons estudos
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