LER E NÃO ENTENDER (E NÃO DESCONFIAR ETC.)
Toda vaca voa. Mimosa voa, portanto Mimosa é vaca, certo? Errado, caro leitor. Dizer que toda vaca voa não equivale a dizer que tudo o
que voa é vaca. Se toda vaca voa e Mimosa é vaca, Mimosa voa. Mas, quando se diz que toda vaca voa e que Mimosa voa, não se pode
deduzir que Mimosa seja uma vaca. Pode-se, quando muito, dizer que Mimosa talvez seja uma vaca. Talvez; nada mais do que talvez.
Recentemente, grandes figuras de nossos jornais e revistas escreveram sobre relatórios que apontam a grave situação do Brasil no que
diz respeito à compreensão de textos. Não sabemos ler. Lemos e não entendemos.
Lemos e entendemos o que queremos. Raciocinamos como ostras e montamos relações lógicas absurdas.
Na semana passada, por exemplo, um texto em que discute o emprego da vírgula, afirmei que, se fosse verdadeira a tese de que,
“vírgula é para respirar”, os asmáticos colocariam vírgula depois de cada palavra escrita. Um leitor (cujo nome não revelarei, por dever cristão)
perdeu preciosíssimo tempo para insultar-me, dizendo que eu não deveria atrever-me a falar do que não conheço. “Minha avó, que é asmática,
lê muitíssimo bem”, disse o gênio. E quem disse que asmáticos não sabem ler?
Outro leitor me pediu ajuda. Diz ele que, ao ler o caderno da filha, percebeu que a professora tinha invertido a ordem de um famoso
pensamento de Maquiavel. Em vez de “Os fins justificam os meios”, a mestra escreveu “Os meios justificam os fins”. O leitor diz que enviou um
bilhete à professora, mostrando-lhe o equívoco.
Na aula, comentando o bilhete, a professora teria dito que, no caso, a ordem não muda nada. (...)
Cara professora, se de fato a senhora disse o que disse, desdiga, em nome da lógica da língua e da nossa
classe, por favor.
Um dia participei de um programa de televisão em que se discutia o trote em nossas universidades. Deixei clara - claríssima - minha
posição sobre essa atrasadíssima prática da sociedade brasileira.
Citei o caso da faculdade de medicina da PUC de Sorocaba (atearam fogo em um calouro) e o da USP (um estudante morreu afogado na
piscina da faculdade, durante uma festa de arromba para “saudar” os calouros).
Disse - e repito - que, em nome de uma “tradição” (estúpida), futuros médicos - cuja razão de ser é a preservação da vida - não têm o direito de
promover “festas” de tortura e morte. Pronto! O telefone da emissora ficou congestionado. Médicos e estudantes de medicina queriam saber o
que tenho contra eles e suas escolas.
2.o autor do texto diz que"não sabemos ler".voce conmorda? porque?
Soluções para a tarefa
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Sim, se lemos com atenção entendemos o que se passa no texto.
Espero ter ajudado...☆
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