História, perguntado por wagnerwillyan, 6 meses atrás

Leitura de uma entrevista adaptada, sobre “Mulheres Indígenas: 520 anos de resistência e luta pela descolonização”, veiculada no site Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) | 21 de Março de 2020

"Falar dos corpos indígenas é falar da história do Brasil", diz ativista do RS
“Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. (...) Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. (..) E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela”. Assim descreveu Pedro Vaz de Caminha, ao começar a invasão portuguesa.

Após 520 anos, os corpos indígenas e sua existência seguem sendo resistência, para manter viva sua história. Tido como povos ágrafos (que não é ou não está escrito), atualmente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somam 897 mil pessoas de 305 etnias, 448 mil mulheres, que falam 274 línguas indígenas (17,5% não fala português). Sendo a metade da população, as mulheres indígenas são atravessadas pelas violências que todas as mulheres passam. Segundo a ONU, em um relatório divulgado há uma década, as mulheres indígenas têm mais chances de ser estupradas que outras mulheres, sendo que mais de uma em cada três mulheres indígenas são estupradas ao longo da vida.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, revelou que entre 2007 e 2017, foram registradas 8.221 notificações de casos de violência contra mulheres indígenas, a maioria entre 10 e 19 anos. Em dois terços dos casos o agressor não é uma pessoa próxima da família. Somam-se a essas violências o preconceito, racismo, assédio e a invisibilidade dessas mulheres, desse povo, que luta constantemente por suas terras, pela demarcação das mesmas, e que no contexto político atual, com a liberação e o aval dado pelo presidente Jair Bolsonaro para exploração dos territórios indígenas, ficou mais complicado.
Em uma tarde de sol, dentro do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Brasil de Fato RS conversou com a estudante Raquel Kubeo, sobre sua vida, a luta indígena, apropriação cultural e a cultura indígena. Natural do Amazonas, filha de mãe descendente dos Tukanos e Kubeos, ressalta a existência desse corpo político, que ora se pinta ou não, de urucum, jenipapo.

“Falar dos corpos indígenas é falar da história do Brasil, dos corpos das mulheres no Brasil e da miscigenação, que é falada como uma coisa até romantizada. (...) Viam as mulheres indígenas, ao mesmo tempo que chamaram nosso corpo de vergonha, dessa nudez, tinha-se a imagem do indígena inocente e ingênuo, das mulheres indígenas enquanto ingênuas também”, ilustra.
A questão da apropriação cultural se formos pensar não é uma questão individual, de alguém usar um acessório indígena, ou de usar um cocar simplesmente. Como falei, o nosso fenótipo, o nosso rosto, o nosso corpo, ele é um corpo político, um corpo negro é um corpo político, um corpo trans é um corpo político. Tem muita diferença quando uma pessoa indígena está usando da sua pintura, usando de um cocar. Muitos indígenas não andam pintados, isso também é um estereótipo, hoje por exemplo eu não estou com nenhuma pintura, não andamos todo tempo assim, tem momentos.
Essa apropriação cultural não é individual, mas é um movimento de uma sociedade. No momento em que uma pessoa branca está usando como estética, como acessório, isso movimenta um mercado, por exemplo, movimenta uma venda em grande número de penas, no carnaval, por exemplo. Podemos ver que é muito forte a referência, de um grande acessório de penas, de plumagem, de arte plumária, com referências indígenas. Isso seria uma apropriação cultural porque essa referência está sendo usada com fins estéticos e fins enquanto acessório, enquanto folclore. Porque as nossas histórias, a nossa Cultura... não somos seres místicos, nem seres folclóricos, somos seres humanos, seres políticos, seres que estamos aqui vivos e resistentes e nessa resistência.

ATIVIDADE 1: No começo da entrevista faz uma menção/citação a “Carta de Pero Vaz de Caminha”. Mesmo, após 520 anos, os corpos indígenas e sua existência seguem sendo resistência, para manter viva sua história. Comente a respeito. *

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ATIVIDADE 2: Quais dados são abordados na entrevista? *

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ATIVIDADE 3: Como a ativista aborda a questão da apropriação cultural? E qual sua opinião a respeito? *

Soluções para a tarefa

Respondido por vinyciuswhylleam11
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Resposta:

atividade 3: como a ativista aborda a questão da apropriação cultural?e qual sua opinião a respeito

R= que falar dos corpos índigenas.....

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