Leia uma “carta” de Tomás A. Gonzaga e comente por que as “Cartas chilenas” do século XVIII poderiam se chamar “Cartas brasileiras” do século XXI.
Franquearem-se as portas, a que subam / Aos distintos empregos, as pessoas
Que vêm de humildes troncos. Os tendeiros, / Mal se vêem capitães, são já fidalgos;
Seus néscios descendentes já não querem / Conservar as tavernas, que lhes deram
Os primeiros sapatos e os primeiros / Capotes com capuz de grosso pano.
Que império, Doroteu, que império pode / Um povo sustentar, que só se forma
De nobres sem ofícios? Estes membros / Não amam, como devem, as virtudes,
Seguem à rédea solta os torpes vícios. / Daqui saem os torpes malfeitores,
Os vis alcoviteiros, os perjuros, / Os famosos ladrões; numa palavra,
A tropa insultadora de vadios. / A este corpo imenso de milícia
Concede Fanfarrão as regalias / Que as nossas leis não dão aos bons vassalos,
Que chegam aos empregos mais honrosos, / Em paga de proezas e serviços.
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As Cartas Chilenas, inerentes ao século XVIII de fato podem ser apresentadas como atuais, quando comparadas com a atual conformação política do cenário brasileiro.
Isso porque a carta aborda tema de formação das relações de poder, que tanto se assemelham a realidade observada atualmente no Brasil, onde os nobres são sempre privilegiados, a burguesia apresenta concentração de poderes, renda, além de privilégios, ao passo que há uma grande concentração de pobreza e miséria em toda região nacional.
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