História, perguntado por antoniorf591, 10 meses atrás

Leia um trecho do capítulo XIX da obra "A Falência" de Júlia Lopes de Almeida:

A Falência Literatura “(...) A dor fazia-o desconfiado, temia que o amor da família não subsistisse à catástrofe. Em que fizera ele até então consistir a felicidade e o seu merecimento aos olhos dela? No dinheiro, só no dinheiro. Ele era bom porque sabia cavar a fortuna, encher a casa de joias, de fartura e de conforto. Ele era bom, porque, tendo partido de coisa nenhuma, chegara a tudo visto que o dinheiro é o dominador do mundo e ele tinha dinheiro. Ainda não compreendia como tendo trabalhado tanto, juntado com tão tremendo esforço em tão largo período de sacrifícios, deixara agora tudo por água abaixo em tão curtos dias. Desfazer é fácil! Revoltado contra si, Francisco Teodoro cravou as unhas na calva, chamando-se de leviano e miserável. Como toda a gente que se riria da sua falta de senso. A culpa era dele deixar-se levar por cantigas com a sua idade e experiência! Sentia ferver-lhe o ódio por todos os amigos que o tinham inebriado com palavras perigosas e fúteis. Então todos chamavam o Inocêncio Braga de honrado, perspicaz e arguto. Agora, depois de tudo feito e perdido, é que o diziam um especulador sem consciência. Mas agora era tarde; estava tudo perdido. (...) Pela primeira vez Francisco Teodoro percebeu que há na vida uma coisa melhor do que o dinheiro: a mocidade. (...) ‘Velho... estou velho! Pensava ele, já não sirvo para nada. E agora? Para onde há de ir esta gente, que eu mesmo habituei a grandezas? Para o sobradinho da rua da Candelária? Nem isso. Camila naquele tempo contentava-se... agora já se afez a outra coisa. Camila! Camila sem sedas? não , não se pode compreender Camila sem sedas. Onde tinha eu a cabeça? Miserável! Eu sou um ladrão, roubei a meus filhos. Eu sou um ladrão!’ Como se quisesse fugir das próprias idéias, começou a andar pelo escritório, com ar desvairado. Vingava-o a sensação de que tudo agonizava com ele.

Sobre este documento Título A Falência Tipo de documento Literatura Glossário Invectiva: Discurso veemente, injurioso, contra algo ou alguém; insulto, ofensa. Manacá: arbusto ornamental e medicinal, de que os indígenas extraem um suco venenoso com que ervam as pontas das setas; também lhe chamam cangambá, jeratacaca e primavera. Job ou Jó: Personagem bíblico. Macerar: Machucar (qualquer corpo) para lhe extrair o suco. Mortificar, afligir com desgostos, penitências, jejuns ou trabalhos. Inépcia: falta de inteligência; imbecilidade do ânimo; inaptidão. Persignar: Fazer com o polegar três sinais da cruz, na testa, na boca e no peito. Secretária: Mesa de trabalho para guardar ou redigir documentos; escrivaninha. Observações A grafia e ortografia foram mantidas conforme no livro. Origem Júlia Lopes de Almeida. A Falência. São Paulo: Clube de autores, 2017 [1901], p. 237-241. Créditos Júlia Lopes de Almeida Palavras-chave Primeira República cultura Literatura Continuar lendo Sobre a obra é possível afirmar:

Alternativas: (A) A crítica que a autora faz à República recém-instaurada se dirige não apenas às possíveis consequências da especulação financeira, mas também à normatização imposta pela moral burguesa.

(B) Expoente da escola simbolista, a obra traz em seu enredo personagens contraditórias e psicologicamente densas que representam as instituições republicanas.

(C) O trecho apresenta os dilemas e pensamentos de Francisco Teodoro ao lidar com a sua falência e dificuldade de assumir a culpa pela pobreza a que relegaria a sua família.

(D) O livro de Julia Lopes de Almeida é ambientado nos primeiros anos da República e destaca a crise econômica pela qual passava o país, conhecida como encilhamento.

Soluções para a tarefa

Respondido por RayssaBacon
17

Resposta:Safadenho, também to fazendo as Olimpíadas hahah

Explicação:


eniocarlos953: tmj kkkkkkk
paulovictordm: deu mole, mó burrão
paulovictordm: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkjj
Respondido por EduardoPLopes
4

A é verdadeira. O livro, que é construído a partir de uma perspectiva feminina, mostra o modo, fundamentalmente errado e injusto, como aquela sociedade se construía. Ele fala de machismo e de racismo tanto quanto fala da crise econômica nacional.

B é falsa. A obra é realista, sendo parte da tradição pré-modernista brasileira.

C é falsa. O livro (e o trecho em questão) é centrado nos dilemas de Camila, esposa de Francisco, e não em Francisco, de modo que vai além dos aspectos meramente econômicos.

D é falsa, considerando que o foco do livro é a profunda desigualdade entre sujeitos no país.


Talyssinho: Marquei a letra "A" também, hihi
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