Leia um excerto do conto Restos do Carnaval, de Clarice Lispector.
Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de
cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça
ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano.
E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de
botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em
compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando
ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três
dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro
ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma
menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita
de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava
comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes
encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
O carnaval, como sabemos, é uma festa popular. Podemos dizer que as tradições e as atividades dos folguedos são práticas
lúdicas porque:
I - Há muitas brincadeiras infantis nos folguedos e os adultos se comportam como se fossem crianças: correndo, pulando, cantando alto e
fantasiando-se.
II - O lúdico é tudo aquilo que deixa as pessoas felizes e lhes dá prazer imediato. Portanto, não há uma definição fechada sobre quais são
as práticas lúdicas, isso depende da sensação de prazer de cada um.
III - Festejar é algo da natureza humana, ou seja, trata-se de um impulso biológico de cada ser humano.
IV - As pessoas não trabalham quando festejam e as práticas lúdicas servem apenas para isso: para o relaxamento do corpo e para o lazer,
os quais permitirão a recomposição física e psicológica dos sujeitos para o trabalho.
V - Instauram uma ruptura na vida cotidiana, possuem um componente de representação e estão imersas num universo simbólico e cultural
específicos.
Soluções para a tarefa
O texto de Clarice Lispecto revela algumas nuances do carnaval enquanto festejo lúdico:
I - Há muitas brincadeiras infantis nos folguedos e os adultos se comportam como se fossem crianças: correndo, pulando, cantando alto e fantasiando-se.
Correto. Muitas das práticas vividas durante o Carnaval remetem aos tempos de infância, das despreocupações.
II - O lúdico é tudo aquilo que deixa as pessoas felizes e lhes dá prazer imediato. Portanto, não há uma definição fechada sobre quais são as práticas lúdicas, isso depende da sensação de prazer de cada um.
Falso. Lúdico não é, necessariamente, algo que dá prazer.
III - Festejar é algo da natureza humana, ou seja, trata-se de um impulso biológico de cada ser humano.
Falso. Não é possível falar de natureza humana neste sentido. A ideia de impulso biológico é questionável.
IV - As pessoas não trabalham quando festejam e as práticas lúdicas servem apenas para isso: para o relaxamento do corpo e para o lazer, os quais permitirão a recomposição física e psicológica dos sujeitos para o trabalho.
Falso. É possível que se trabalhe enquanto se festeje, tal afirmação é incorreta.
V - Instauram uma ruptura na vida cotidiana, possuem um componente de representação e estão imersas num universo simbólico e cultural específicos.
Correto. O Carnaval está associado a aspectos de ruptura com o cotidiano, com as obrigações do dia a dia.