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Trecho do diário de bordo da família Klink
(...)Estávamos de férias em um veleiro a caminho da Antártica. E eu queria saber como nadavam os pinguins, se a neve ao cair do céu tinha a forma de uma estrela. Eu era criança, mas precisaria orquestrar minhas vontades entre a aventura e a disciplina. Pela primeira vez na vida, eu recebia a missão ingrata de passar uma parte do tempo passando a limpo o que aconteceu. E o fiz. Com os anos, o desafio de escrever virou compromisso, e o compromisso virou um amor sem o qual eu não sei ser.
Enquanto teço este texto que veste meus pensamentos, um painel de botões e números me conta os perigos do oceano. Vencemos onda a onda lentamente, e o vento nos puxa para longe da costa. Poderia durar pra sempre, eu penso, a ação de avançar sem fim. Um dia encerra a noite anterior, o sol nasce sobre a chuva e as nuvens grandes fazem a sombra passear no nosso barco. Mas o painel de instrumentos diz outra coisa: falta muito pra chegar, há pedras submersas no caminho, um navio avança em nossa direção e é tarde. Os números me dizem o que meu corpo não sente: estou há horas demais sem dormir.
Algo me lembra de falar deste momento. Tento me decifrar como os números tentam decifrar o mar. Mas é difícil, pois o diário é um jogo de tradução e omissão. É preciso dar à lembrança o corpo das palavras. É preciso fazer um mundo caber em poucas linhas. E é preciso entregar a precisão ao esquecimento. O caderno tem folhas finitas, o papel pesa na mão, e o minuto descrito dura o mesmo que o minuto de escrever. Se tentássemos guardar tudo, o dia seguinte seria sempre o registrar do dia anterior até pararmos no tempo e os pinguins nadarem lá fora, a neve cair, e o dia escorrer como as estrelas de gelo escorrem pelo convés do barco, sem plateia.
Eu me entrego ao desafio de me conter, apesar de saber que não lerei meus diários todos. Mesmo assim, cada um tem seu lugar na estante desse barco. Por déficit habitacional, alguns moram em puxadinhos sobre seus vizinhos. Outros, dormem entre seus pais e avós, bem apertados. Na minha ausência, a estante será o resumo das versões que eu assumi. Acumulo os cadernos de viagem como minha mãe guarda meus desenhos de criança com macarrão cru e massinha de modelar colada. Acumulo na tentativa inútil de conter o tempo. Incontinente. (...)
A respeito do gênero textual “Diário de bordo” marque a alternativa incorreta.
A)
O diário de bordo é conhecido, tecnicamente, como o instrumento utilizado na navegação (marítima e aérea) para registro de acontecimentos importantes.
B)
As anotações podem ser feitas em um caderno.
C)
Em um diário de bordo, o registro tem que ser detalhado e preciso, com indicação de datas e locais em que os fatos ocorrem.
D)
Ele pode conter rascunhos, esboços, desenhos, diagramas e até mesmo fotografias.
E)
O diário de bordo deve ser escrito em 3ª pessoa.
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Resposta:
A resposta incorreta e a letra E
Explicação:
espero ter ajudado me dá como melhor resposta por favor
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