Leia os seguintes trechos da comunicação realizada por Ailton Krenak na UFMG em 2010. História indígena e o eterno retorno do encontro Depoimento “Meu nome é Ailton e eu sou do povo Krenak (...). A despeito de eu não ter cumprido uma carreira acadêmica, não ter feito este percurso na universidade, eu tenho tido ao longo destes últimos 20, 30 anos, muitas oportunidades de publicar, de divulgar o pensamento tanto do povo Krenak, quanto dos outros povos com quem eu tive a oportunidade de compartilhar a minha experiência. [...] eu não vou abordar a história indígena do Brasil, eu não vou tratar da história indígena no Brasil. A história indígena no Brasil, ela tem uma complexidade e riqueza; seria como tentar entender os grãos de areia de uma imensa praia ou seria como tentar entender as estrelas, a complexidade de uma constelação de estrelas, falando de cada uma. [...] [Escolhi] abordar a história indígena e não a história dos índios do Brasil. [...] Porque assim como os índios não poderiam ser mineiros e nem capixabas, os índios também não poderiam ser brasileiros. (...) antes de existir Minas e Espírito Santo, os nossos antepassados perambulavam, atravessavam este continente de um lado pro outro e não perguntava se era Minas ou Espírito Santo não: muito depois alguém veio e marcou estas fronteiras. Pois muito antes, também perambularam por este continente sem perguntar onde era o Paraguai, a Argentina, o Brasil e a Bolívia. [...] como que eu posso achar que estou tratando (...) da história dos índios no Brasil, se a maioria do tempo eu estou referenciando a minha fala em eventos onde os índios não tiveram nenhum protagonismo, e em eventos onde os índios quando aparecem, aparecem somente como vultos assim lá no fundo do quintal; nas clareiras mais remotas? Eu particularmente tenho uma percepção dessa coisa, do cenário da História de que nós os povos indígenas, nós passamos ao longo da História tocaiando os grandes vultos da História. Os grandes vultos da História ocupam a cena e nós os tocaiamos. Ficamos de tocaia. Por quê? Por uma escolha? Não! Pelo próprio processo histórico. O lugar em que nós ficamos na História é o lugar de tocaia da História. Nós não somos vultos da história. É por isso que eu acho difícil falar de uma ‘História dos Índios no Brasil’, porque você pode contar uma história indígena. Porque tem uma história dos krenak, dos xavantes, dos guaranis etc., de dentro da memória viva desses povos cada um deles é capaz de reportar, a sua trajetória, desde a chegada dos brancos na praia até os dias de hoje. Mas é muito comum as pessoas incorrerem num erro que é de querer contar a história indígena no Brasil quando o Brasil começou a ser ‘Brasil’. Quando a primeira canoa de português chegou à praia. Parece que todos nós estávamos dormindo um sonho eterno, num berço esplêndido quando o primeiro português chegou e fez um barulho na praia e despertou aquele povo que vivia dormindo um sonho eterno, em berço esplêndido. (...) Aí vieram esses geniais portugueses, dá um estalo de dedo, acorda a gente e começa essa história do Brasil. Isso serve pra samba enredo de escola de samba, mas isso não serve pra contar a nossa história. A nossa história, a memória da nossa história é anterior a 1500; anterior à chegada dos portugueses; anterior a essas fronteiras nacionais e regionais, a essa configuração que o Brasil tem. [...] o pensamento indígena tem recursos para acessar a memória que não está escrita, uma memória que não está registrada e que esta memória é um conjunto de práticas, rituais, de práticas apoiadas na cosmovisão, apoiada na visão daquilo que é vulgarmente chamado de ‘sagrado’. [...] No meu caso, a minha memória está suportada em um conhecimento que antecede tudo o que está escrito sobre a nossa história. Eu não desprezo o esforço dos historiadores, dos registros da História: eu os reconheço. Mas eu não dependo deles para conhecer a História”
1) Em seu depoimento Ailton Krenak:
(a) Defende uma história a partir dos pontos de vista indígenas, iniciada antes da colonização europeia.
(B) Indica a importância de atentar para a pluralidade da história indígena, divergindo, portanto, da percepção dos índios como uma categoria homogênea.
(C) Propõe uma história indígena em oposição à história dos índios no Brasil, baseado na resistência dos índios à colonização e ao fato de que eles são os primeiros brasileiros.
(D) Critica a história como única forma de conhecimento possível do passado indígena e o documento escrito como testemunho privilegiado.
2) Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.
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Respondido por
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Resposta:
letra A
Explicação:
Mas é muito comum as pessoas incorrerem num erro que é de querer contar a história indígena no Brasil quando o Brasil começou a ser ‘Brasil’. Quando a primeira canoa de português chegou à praia. Parece que todos nós estávamos dormindo um sonho eterno, num berço esplêndido quando o primeiro português chegou e fez um barulho na praia e despertou aquele povo que vivia dormindo um sonho eterno, em berço esplêndido. (...)
smichely069:
você sabe a dois ?
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