Leia os fragmentos dos textos a seguir. O primeiro aborda a lenda das cobras Norato e Caninana. O segundo apresenta a definição da lenda como gênero textual.
Texto 1
No paranã do Cachoeiri, entre o Amazonas e o Trombetas, nasceram Honorato e sua irmã Maria, Maria Caninana. A mãe sentiu-se grávida quando se banhava no rio Claro. Os filhos eram gêmeos e vieram ao mundo na forma de duas serpentes escuras. Cobra Norato era forte e bom. Nunca fez mal a ninguém. Maria Caninana era violenta e má. Alagava as embarcações, matava os náufragos, atacava os mariscadores que pescavam, feria os peixes pequenos. No porto da Cidade de Óbitos, no Pará, vive uma serpente encantadora, dormindo, escondida na terra, com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant'Ana, na Igreja que é da mãe de Nossa Senhora. ... se a serpente acordar, a Igreja cairá. Maria Caninana mordeu a serpente para ver a Igreja cair. A serpente não acordou, mas se mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a Matriz de Óbidos. Cobra Norato matou Maria Cananina porque ela era violenta e má. E ficou sozinho, nadando nos igarapés, nos rios, no silêncio dos paranãs.
CASCUDO, L. C. Lendas brasileiras para jovens. São Paulo: Global, 2015.
Texto 2
Lenda: narrativa ou crendice acerca de seres maravilhosos ou encantatórios, de origem humana ou não, existente no imaginário popular. Trata-se de história, também chamada legenda, cheia de mistério e fantasia, de origem no conto popular, que nasceu com o objetivo de explicar acontecimentos que teriam causas desconhecidas. Nessa busca do maravilhoso, o ser humano sempre procurou dar sentido à movimentação dos astros, à migração de animais, aos fenômenos naturais, etc. Essa narrativa de caráter maravilhoso pode também se referir a um fato histórico que, centralizado em torno de algum herói popular (revolucionário, santo, guerreiro), se amplifica e se transforma sob o efeito da invocação poética ou da imaginação popular. Desse modo, como o conto popular oral, apresenta algumas características básicas: (i) rica em ações e situações antigas; (ii) permanência no tempo; (iii) de autoria anônima ou desconhecida; (iv) transmissão e divulgação de geração em geração entre pessoas e comunidades; (v) convergência das ações para o tema ou foco da lenda, como a busca, por exemplo, de um mundo feliz, de paz, de justiça, etc.; (vi) sequência lógica no tempo e no espaço narrativo; (vii) destaque de algum personagem por seus poderes sobrenaturais ou atos de heroísmo; (viii) relação direta da história com o momento histórico da região e da comunidade que a cria; (ix) final emblemático, com desenlace maravilhoso ou extraordinário.
COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I. A história da lenda do texto 1 tem fundo maniqueísta, pois revela a disputa entre o bem e o mal, com final moralista.
II. De acordo com o texto 2, a lenda caracteriza-se como crendice fantasiosa e imaginativa e, por isso, não tem validade no conhecimento dos fenômenos (naturais ou sociais).
III. Na lenda do texto 1, observam-se algumas características enumeradas pelo texto 2, como a busca de justiça, o destaque de algum personagem por seus poderes sobrenaturais ou atos de heroísmo e o desenlace maravilhoso ou extraordinário.
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c
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