Leia o trecho de uma peça de teatro grega, escrita há cerca de 2 500 anos, que apresenta uma interessante crítica ao comportamento dos políticos. "Salsicheiro Mas, diga-me uma coisa: como é que eu, um salsicheiro, vou me tornar um político, um líder? Primeiro escravo (general Demóstenes) Mas é precisamente nisso que está a sua grandeza: em você ser um canalha, um vagabundo, um ser inferior! Salsicheiro Pois eu não me julgo digno de tamanho poder! Primeiro escravo (general Demóstenes) Ai, ai, ai, ai, ai, ai! O que é que te faz dizer que não te achas digno? Está parecendo para mim que tens alguma coisa de bom a pesar-te na consciência. Serás tu filho de boa família? Salsicheiro Nem de sombra! De patifes, mais nada! Primeiro escravo (general Demóstenes) Homem ditoso! Que sorte a sua! Tens todas as qualidades para a vida pública! Salsicheiro Mas, meu caro amigo, instrução não tenho nenhuma. Conheço as primeiras letras e, mesmo estas, mal e porcamente! Primeiro escravo (general Demóstenes) Isso não é problema! Que as conheças mal e porcamente! A política não é assunto para gente culta e de bons princípios: é para ignorantes e velhacos!" Quais as principais críticas feitas ao comportamento dos políticos no texto?
Soluções para a tarefa
A principal crítica que o texto faz é que a política é apontada como um ofício geralmente exercido ou por pessoas desqualificadas ou por pessoas mal-intencionadas, de modo que não seria uma atuação séria, sendo uma ação que não teria por fim o verdadeiro bem da Pólis.
Logo, quando o personagem salsicheiro (ou seja, alguém que ocupava uma posição social relativamente baixa), que afirma também ter pouca educação, afirma não ser qualificado para a política, pois imagina que ela deveria se voltar apenas para os melhores dentre os atenienses, o outro personagem (o escravo/general Demóstenes) dá a entender que esta ideia é falsa, sendo justamente os mais "ordinários" (ou seja, comuns, sem qualidades especiais) que deveriam se ocupar da política, pois, segundo ele, era realmente assim que as coisas já se davam.