Leia o trecho a seguir, extraído do texto “Um apólogo”, de Machado de Assis:
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
– Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
– Deixe-me, senhora.
– Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
– Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
– Mas você é orgulhosa.
– Decerto que sou.
– Mas por quê?
– É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
– Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
– Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
– Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
(...)
Fonte: ASSIS, Machado de. “Um apólogo”. In: Para gostar de ler: contos. São Paulo: Ática, 1984, v. 9. p. 59.
É possível afirmar que o conflito da narrativa se inicia:
Escolha uma:
a. Porque a agulha provoca o alfinete, mas este acaba fugindo da discussão.
b. Porque as personagens (linha e agulha) concordam que as duas são igualmente importantes para a costura.
c. Porque uma personagem se acha mais importante que a outra para o ato de coser (costurar).
d. Porque a agulha diz que a linha é muito orgulhosa, mas esta parece não se importar com a provocação.
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Resposta:
D) Porque a agulha diz que a linha é muito orgulhosa, mas esta não parece se importar com a provocação.
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